PUBLICIDADE

Protestos e greve geral reúnem 700 mil pessoas em Barcelona

Porto de Barcelona, terceiro da Espanha, e o principal mercado atacadista de alimentos da cidade estavam quase paralisados

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

BARCELONA - Cerca de 700 mil pessoas protestavam nesta terça-feira, 3, em Barcelona em um dia de greve geral nesta região espanhola contra a violência policial exercida para impedir o plebiscito, considerado ilegal pela Justiça, de domingo passado, informou um porta-voz da polícia municipal.

PUBLICIDADE

Catalães fazem greve para pressionar Madri  

A multidão se mobilizou em diferentes protestos organizados por toda a cidade, com gritos de "fora as forças de ocupação" em referência aos agentes da Guarda Civil e a Polícia Nacional destacados pelo governo central para impedir o referendo. A Espanha vive uma de suas piores crises políticas dos últimos 40 anos, desde que o executivo separatista catalão decidiu organizar este referendo de autodeterminação apesar de sua proibição.

Manifestantes cruzaram os braços na Catalunha em protesto pela independência Foto: AFP PHOTO / PAU BARRENA

Centenas de policiais interviram no domingo em centros de votação, utilizando cassetetes para dispersar os militantes concentrados na frente desses espaços para protegê-los e conseguir realizar a votação. Nesta terça-feira, em Barcelona, muitos manifestantes tentavam manter o espírito pacifista, mas a tensão era palpável em alguns pontos como em frente à Delegação do governo espanhol na região, protegida com um triplo cordão de vans da Polícia Nacional e agentes da polícia catalã.

Também estavam presentes dezenas de bombeiros da região que, ao mesmo tempo que protestavam, tentavam manter a distância entre os manifestantes e o edifício. Multidões se reuniram nas ruas, andando sem direção clara. Perto da praça da Universidade, onde fica a universidade mais antiga da cidade, ocupada há semanas por estudantes, se podia ler em um cartaz "Fechado por revolução".

Mais de 800 pessoas ficam feridas em confrontos com policiais na Catalunha

"Não queremos ser um país ocupado", gritavam os jovens em catalão. "Adeus Espanha", diziam outros, fazendo gesto com o dedo médio das mãos para um helicóptero da Polícia Nacional. "No dia 1 de outubro fomos um país ocupado e ainda não foram embora", reclamou Antonia Maria Maura, professora da escola primária, de 56 anos.

Publicidade

"É a hora da rebelião pacífica e da criação de um país livre", declarou Julia, de 14 anos. O presidente catalão "Carles Puigdemont tem que declarar a independência porque toda Europa viu que a Espanha não é uma democracia: votávamos, mas nos pegavam", acrescentou.

Premiê espanhol enfrenta crise após repressão a plebiscito catalão

Já Paola disse que não é separatista, mas que quis protestar pela "liberdade de expressão e pela não violência". Mariano Rajoy, o chefe do governo espanhol, disse "que iria intervir com serenidade e respeitando as leis, e acabou que os policiais agiram dessa maneira violenta", completou. 

Greve. O porto de Barcelona, terceiro da Espanha, e o principal mercado atacadista de alimentos da cidade estavam quase paralisados por causa da greve geral contra a violência policial. 

PUBLICIDADE

"A paralisação é quase total. Afeta os estivadores e transportadores. Não há nem atividade marítima nem terrestre", explicou à AFP um porta-voz do porto da capital catalã, o terceiro da Espanha em volume de mercadorias, e um dos maiores da Europa para cruzeiros turísticos. Do mesmo modo, "a greve é praticamente total" em Mercabarna, o maior mercado de frutas e verduras da Europa. 

+ Plebiscito sobre independência catalã põe em xeque estabilidade da Espanha

Neste centro, em que operam 770 empresas, "o mercado de frutas está totalmente fechado", assim como a seção de pescado, embora sejam atendidas um terço das demandas de carne e flores "para cobrir as urgências".

Publicidade

O metrô de Barcelona se encontrava com serviços mínimos. As fábricas de automóveis de SEAT funcionavam com normalidade, segundo a porta-voz da empresa, e cerca de 50 estradas foram ocupadas por manifestantes. O FC Barcelona se juntou à greve: nem as equipes profissionais nem os juvenis (de todas as disciplinas) treinaram nesta terça. 

A patronal catalã do PYMES Cecot anunciou que 90% de seus membros aderiram à greve: 70% por decisão patronal, 20% por acordo entre empregados e direção, 10% por ação sindical. Muitos dos monumentos e instalações turísticas de Barcelona, como o templo da Sagrada Família do arquiteto modernista Antoni Gaudí, tampouco abriram suas portas.

+ Repressão prejudica imagem de Mariano Rajoy

A Catalunha, que contribuiu com 19% do PIB espanhol em 2016, é, junto com Madri, a região mais rica da Espanha, além de ser a principal exportadora, com um quarto das vendas do país para o exterior em 2016 e no primeiro trimestre de 2017.

Os dirigentes garantem que venceram o referendo com 90% dos votos - 2,02 milhões de apoios sobre um censo de 5,3 milhões de eleitores - e agora querem declarar a independência de maneira unilateral. /AFP

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.