Protestos na China deixam pelo menos 5 mortos

Chineses da etnia han fazem novo ato contra ataques com seringas atribuídos aos uigures

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Atualização:

O vice-prefeito de Urumqi, Zhang Hong, afirmou nesta sexta-feira, 4, que os protestos na cidade deixaram cinco mortos e 14 feridos. O ministro da Segurança Pública da China, Meng Jianzhu, afirmou que separatistas étnicos são os culpados por uma série de ataques com seringas, na província de Xinjiang, no oeste do país. Os comentários foram feitos no segundo dia de protestos na capital provincial Urumqi por mais segurança.

 

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A polícia usou gás lacrimogêneo e apelos públicos, nesta sexta-feira, para encerrar as marchas rumo a instalações do governo e do Partido Comunista. Milhares de pessoas, a maioria da etnia majoritária han, tomaram as ruas de Urumqi pelo segundo dia consecutivo, exigindo melhoria na segurança na capital da província de Xinjiang. No mês passado, distúrbios na região deixaram quase 200 pessoas mortas.

 

Os manifestantes exigem punição para os responsáveis pelos ataques de julho, entre membros da etnia han e muçulmanos uigures. Também protestam pelos recentes relatos de ataques com seringas nas duas últimas semanas. Segundo a imprensa estatal, as principais vítimas desses ataques são chineses han.

Centenas de jovens protestaram perto do local onde trabalha o secretário-geral do Partido Comunista em Xinjiang, Wang Lequan - um aliado do presidente Hu Jintao -, exigindo que Wang deixe o posto. Forças de segurança usaram gás lacrimogêneo para dissolver os novos protestos. Paramilitares e policiais se deslocavam pela cidade para dispersar multidões aglomeradas em cruzamentos.

 

Todos os acessos às áreas uigures da cidade foram interrompidos, com as forças de segurança formando barreiras nas entradas das ruas. As manifestações podem enfurecer as lideranças chinesas, em meio à preparação para os festejos dos 60 anos do regime comunista no país, em 1º de outubro.

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A mídia estatal afirma que 476 pessoas buscaram tratamento após serem atacadas com seringas, 433 delas da etnia han. O restante das vítimas pertence a outras etnias, incluindo uigures. Segundo a Xinhua, 21 pessoas já foram detidas no caso.

 

O medo da aids também pode ser em parte culpado pelos distúrbios. Xinjiang tem o maior índice de infecções pela doença na China, com aproximadamente 25 mil casos registrados no ano passado. O problema é piorado pelo empréstimo de agulhas entre viciados.

 

Qualquer distúrbio em Xinjiang é ampliado pelas tensões étnicas. Os uigures veem a província como sua terra natal e se ressentem pelo fato de que milhões de membros da etnia han foram viver na região, nas últimas décadas. A região é rica em petróleo e gás. Já os han geralmente retratam os uigures como preguiçosos, mais preocupados com religião que com negócios, e reclamam que eles são favorecidos injustamente com cotas em empregos públicos e na universidade.

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