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Protestos na Colômbia levam Libertadores a adiar jogos de times argentinos

Santa Fé x River Plate e Atlético Nacional x Argentinos Juniors foram remarcados para esta quinta-feira, 6

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Por Redação
Atualização:

A Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) adiou nesta terça-feira, 4, dois jogos da copa Libertadores que ocorreriam na Colômbia, onde protestos contra o governo de Iván Duque se estendem por diversas cidades. As partidas entre Santa Fé (COL) e River Plate (ARG) e Atlético Nacional (COL) e Argentinos Juniors (ARG), que aconteceriam nesta quarta-feira, 5, foram reagendadas para quinta-feira, 6, e transferidas para o Paraguai. Os protestos, iniciados na semana passada, deixaram até agora 19 mortos, 800 feridos e quase 90 desaparecidos.

Mais cedo, uma torcida organizada do time de futebol colombiano Junior Barranquilla, a Frente Rojiblanco Sur 1998, ameaçou bloquear a entrada no Estádio Romelio Martínez (Barranquilla), caso o jogo pela Copa Libertadores da América contra o Fluminense, programado para a quinta-feira 6, não fosse adiado ou suspenso. O River Plate, da Argentina, cancelou a ida à Colômbia para disputar outra partida da competição na última hora.

Manifestantes em protestos contra o governo entram em confroto com a polícia em Cali Foto: Luis Robayo/AFP

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A torcida organizada colombiana publicou um comunicado no qual diz estar convencida de que a situação em seu país não é a melhor. "Fazemos (ameaça) como protesto a um governo criminoso e fascista, que através das forças armadas do Estado torturam, matam e fazem desaparecer milhares de jovens que saem para protestar pelos seus direitos constitucionais." 

"Se não suspenderem a partida, nós da Frente Rojiblanco Sur 1998 seremos obrigados a não permitir o deslocamento dos ônibus dos jogadores até o estádio, e muito menos que seja realizada a partida por qualquer circunstância, já que convocaremos todos os nossos associados, torcedores e toda sociedade que hoje luta e resiste diariamente em cada protesto para que esse jogo não aconteça." 

Ainda nesta terça-feira, os jogadores do River Plate, time da Argentina, já estavam no aeroporto de Ezeiza, em Buenos Aires, para seguir para a Colômbia, onde disputariam uma partida contra o Independiente Santa Fe, pelo mesmo campeonato, quando os diretores decidiram cancelar a viagem. Segundo o jornal argentino Clarín, eles consideraram que não havia garantias de segurança para a ida do time para a Colômbia. 

O jornal argentino explicou que o prefeito de Armenia, cidade que receberia a partida, informou que, devido aos conflitos sociais, não havia policiais disponíveis para garantir o operativo de segurança da partida. Ainda de acordo com o jornal, houve uma reunião virtual de emergência entre autoridades da Conmebol que, com resistência, entenderam a situação. 

Segundo o Clarín, a Conmebol aceitou o pedido e decidiu suspender a partida, mas sem informar para quando ela foi reprogramada. O jornal explicou que uma das alternativas cogitadas é que o jogo seja transferido para Assunção (Paraguai). 

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O que começou na quarta-feira como uma nova manifestação contra uma reforma tributária proposta pelo presidente Iván Duque já retirada de tramitação se transformou em graves protestos contra o governo e confrontos com a força pública. 

Na manhã desta terça-feira, pessoas tomaram as ruas e bloqueios foram levantados em rodovias da capital, Bogotá, e de Cali, a terceira cidade do país e a mais afetada pelos distúrbios. 

Defensores dos direitos humanos e ONGs denunciam ameaças e casos de violência policial, que incluem civis mortos pelas mãos de homens uniformizados. 

O presidente conservador enfrenta protestos sem precedentes nas ruas desde que chegou ao poder em 2018. Sindicatos, indígenas, organizações civis, estudantes, entre outros setores insatisfeitos, exigem uma mudança de rumo de seu governo. 

As mobilizações atuais refletem também o desespero causado pela pandemia que atinge com força o país de 50 milhões de habitantes. 

Em seu pior desempenho em meio século, o Produto Interno Bruto (PIB) da Colômbia despencou 6,8% em 2020 e o desemprego subiu para 16,8% em março. Quase metade da população vive na informalidade e na pobreza, de acordo com dados oficiais./COM AFP 

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