Protestos por prisão de ativista ameaçam causar crise política na Índia

Oposicionistas criticam posição do governo; primeiro-ministro diz que protestos são 'equivocados'

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Atualização:

Indianos tomaram as ruas em protesto contra prisão de Anna Hazare

 

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NOVA DÉLHI - A prisão do ativista anticorrupção Anna Hazare vem causando uma onda de protestos na Índia que ameaça causar uma crise política no país. O ativista de 74 anos de idade está em greve de fome desde terça-feira, quando foi preso junto a 1,2 mil de seus simpatizantes por supostamente descumprir regras impostas para seu protesto contra a nova proposta de lei anticorrupção apoiada pelo governo, mas considerada falha pelos manifestantes. Nesta quarta-feira, milhares de pessoas se aglomeraram nos arredores da prisão Tihar em Nova Délhi, onde Anna está preso, portando bandeiras da Índia e gritando slogans contra a corrupção. O correspondente da BBC no local Sanjoy Majumder diz que as ruas próximas da prisão estão cheias de manifestantes com ânimos exaltadas dispostos a persuadir o governo a libertar Hazare. Há relatos de grandes manifestações em outras cidades indianas como Mumbai e Bangalore e no Estado de Assam. Advogados da Suprema Corte do país anunciaram que vão fazer uma passeata de apoio a Hazare. Condutores de riquixás motorizado, pequenos veículos de transporte de passageiros, entraram em greve. Proposta Hazare recusou uma oferta feita pelas autoridades para sua liberação, dizendo que permanece na prisão a menos que possa retomar a greve de fome pela mudança na lei. Em abril, ele interrompeu outra greve de fome de quatro dias contra a corrupção quando o governo o convidou para participar da formulação de uma lei para combater o problema. O governo aceitou 34 dos 40 pontos propostos por Hazare. O ativista, no entanto, critica a exclusão do primeiro-ministro, juízes e parlamentares como eventuais alvos de investigação por parte do ombudsman, cargo que será criado para investigar a corrupção no país. Problema político Falando ao Parlamento nesta quarta-feira, o premiê indiano, Manmohan Singh, criticou o uso da greve de fome, disse que a forma de protestar de Hazare seria "totalmente equivocada" e que representa uma ameaça ao governo que ele tem como obrigação proteger. "Reconheço que Anna Hazare possa ser inspirado por altos ideais. Mas o caminho que ele escolheu para impor um projeto de lei ao Parlamento é totalmente equivocado e repleto de graves consequências para nossa democracia parlamentar", disse Singh. "Os que acreditam que apenas sua voz representa a vontade de 1,2 bilhão de pessoas devem refletir sobre essa posição. Eles devem deixar que os representantes eleitos pela população façam seu trabalho. Diferenças de opinião devem ser resolvidas por meio do diálogo e consenso", continuou. O discurso do premiê foi constantemente interrompido por oposicionistas com gritos de "vergonha". Correspondentes dizem que é possível que os eventos deflagrem uma prolongada queda de braço entre governo e oposição. Um estudo recente indica que a corrupção na terceira maior economia asiática custa bilhões de dólares para a Índia e ameaça frear o crescimento do país.

 

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