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Protestos violentos deixam pelo menos quatro mortos no Irã

País tem dia mais violento de protestos desde junho; sobrinho de oposicionista é morto e polícia prende mais de 300 pessoas.

Por BBC Brasil
Atualização:

O Irã viveu neste domingo o que já está sendo considerado o dia mais violento de protestos desde os que tomaram o país após as eleições de junho. Pelo menos quatro pessoas morreram nas manifestações, incluindo o sobrinho do líder oposicionista do país, Mir Hossein Mousavi. Ele foi morto com um tiro no coração durante protestos contra o governo no centro de Teerã. Na capital iraniana, centenas de milhares de manifestantes tomaram as ruas. Em outras cidades, a polícia usou cassetetes e bombas de gás lacrimogêneo para conter os manifestantes. Cerca de 300 pessoas foram presas. Filmagens feitas em telefones celulares mostram a multidão ateando fogo a motocicletas e carros da polícia. A polícia responde. Partidos de oposição do Irã haviam convocado a manifestação para coincidir com o fim da festividade muçulmana xiita de Ashura. Segundo fontes oposicionistas, os manifestantes gritavam "Khamenei será derrubado", numa referência ao líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei. Relatos iniciais disseram que as forças de segurança dispararam tiros para o ar para tentar dispersar os manifestantes, mas vários relatos posteriores disseram que até quatro manifestantes haviam sido mortos. Proibição A mídia estrangeira está proibida pelo governo iraniano de cobrir as manifestações da oposição, razão pela qual as informações sobre as mortes não puderam ser confirmadas por fontes independentes. A morte de Seyed Ali Mousavi, sobrinho do ex-candidato presidencial derrotado nas eleições de junho pelo presidente Mahmoud Ahmadinejad, foi confirmada pelo correspondente da BBC Jon Leyne. Mousavi ficou em segundo lugar nas eleições presidenciais de junho, mas acusou o presidente Ahmadinejad, reeleito para mais um mandato, de fraudar a votação. Desde então, foram realizadas grandes manifestações em protesto contra o resultado da eleição, com um saldo de vários mortos nas primeiras semanas, mas as fatalidades têm sido raras desde então. Segundo Siavash Ardalan, da TV persa da BBC, as forças de segurança iranianas precisam caminhar sobre uma linha fina para não parecerem fracas, mas também para evitar provocar ainda mais os manifestantes da oposição. Tensão A tensão no Irã vem se intensificando desde a morte do clérigo dissidente aiatolá Hoseyn Ali Montazeri, na semana passada, aos 87 anos. Simpatizantes do líder oposicionista Mir Hossein Mousavi procuraram aproveitar as festividades xiitas deste fim de semana para demonstrar seu contínuo repúdio ao governo do presidente Mahmoud Ahmadinejad. Após a proibição das manifestações, a oposição escolheu o altamente significativo festival de Ashura, quando milhões de iranianos tradicionalmente vão às ruas para participar de cerimônias e paradas. O festival comemora a morte, no século 7, do imã Hussein, neto do profeta Maomé. Fumaça Helicópteros da polícia podiam ser vistos sobrevoando o centro de Teerã, enquanto colunas de fumaça negra eram vistas em diversas partes. Nas ruas, as forças de segurança tentaram impedir que os manifestantes chegassem à praça Enghelab, no centro da cidade. Segundo sites oposicionistas, os manifestantes gritavam "Este é o mês do sangue" e pediam a derrubada de Khamenei. Simultaneamente, grupos de manifestantes pró-governo participavam de um protesto na praça Enghelab para manifestar apoio ao aiatolá Khamenei, segundo testemunhas. Outras manifestações ocorreram nas cidades de Isfahan e Najafabad. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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