Protestos xiitas se espalham pelo Paquistão após homicídios

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Por GUL YOUSUFZAI
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Protestos contra ataques a xiitas se espalharam pelo Paquistão neste domingo e o primeiro-ministro do país voou para Quetta para se reunir com os enlutados, que se recusavam a enterrar as 96 vítimas de um ataque sectário com bomba, enquanto não recebessem a promessa de proteção contra militantes sunitas. Os protestos foram desencadeados por dois atentados com bomba na quinta-feira, cujo alvo eram xiitas da etnia Hazaras, em Quetta, capital da província do Baluchistão. Os ataques, reivindicados pelo grupo militante Lashkar-e-Jhangvi, mataram pelo menos 96 pessoas. Assassinatos sectários têm aumentado no Paquistão, mesmo quando as mortes por outros tipos de violência militante caíram. Lashkar-e-Jhangvi cujas raízes ficam no centro da província de Punjab, quer expulsar os xiitas, que compõem cerca de um quinto da população de 180 milhões. O Human Rights Watch diz que mais de 400 xiitas foram mortos em ataques sectários no ano passado. "Queremos garantias que os assassinos serão presos, para que nossas crianças mais jovens não morram também," disse Sakina Bibi, de 56 anos, sentada perto dos caixões de dois dos seus filhos. "Eles eram tudo para mim," ela chorava. "Sentar aqui não vai trazê-los de volta, mas é um direito nosso protestar". A tradição islâmica determina que os mortos precisam ser enterrados o mais rápido possível. Deixar os corpos dos entes queridos por tanto tempo, é uma expressão tão forte de sofrimento e dor, que muitas pessoas fizeram protestos e vigílias, em solidariedade. Os protestos aconteceram em cinco áreas da capital comercial Karachi, casa de 18 milhões de habitantes. Os manifestantes bloquearam linhas férreas e a estrada que liga o aeroporto à cidade. Centenas de pessoas também se reuniram em frente à casa particular do presidente. "Se continuarmos em silêncio agora, toda a comunidade xiita será exterminada no Paquistão e as agências de segurança não dirão nada," disse Ali Muhammad, de 55 anos. O primeiro-ministro Raja Pervez Ashraf se reuniu com autoridades locais em Quetta, mas não falou com os manifestantes, que se recusaram a deixar o local de sua vigília. Uma pessoa presente nas negociações disse que o governo havia prometido realizar uma operação limitada contra os suspeitos e analisar as possibilidades legais para a remoção do ministro-chefe do Baluchistão.

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