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Próximos dias serão cruciais para solução com Irã, diz Blair

Ali Larijani afirmou que Teerã e Londres iniciaram negociações diplomáticas

Por Agencia Estado
Atualização:

O primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, afirmou nesta terça-feira, 3, que os dois próximos dias serão "cruciais" para resolver a crise gerada pela detenção de 15 militares britânicos por forças iranianas. "As próximas 48 horas serão cruciais", assinalou o primeiro-ministro em Glasgow (Escócia). Os marinheiros e fuzileiros navais britânicos foram presos pela Guarda Revolucionária iraniana, no último dia 23, em águas do Golfo Pérsico disputadas pelo Irã e Iraque. Segundo o governo de Teerã, os militares invadiram o território iraniano. Londres, entretanto, argumenta que seus homens realizavam operações de rotina em águas do Iraque. Blair disse também que as declarações do secretário-geral do Conselho Supremo da Segurança Nacional do Irã, Ali Larijani, indicando na segunda-feira, 2, que seu país quer resolver a crise por "canais diplomáticos", oferece "alguma possibilidade" de encontrar uma solução. Nesta terça-feira, um diplomata iraniano que estava preso no Iraque foi libertado, numa aparente tentativa do governo iraquiano - que é aliado do Reino Unido e dos EUA - de agradar Teerã. Agora, Bagdá pressiona o Exército americano para que outros cinco funcionários iranianos detidos pelos EUA sejam libertados. Também nesta terça, o vice-presidente iraniano, Parviz Davoudi, se mostrou confiante em uma rápida solução da crise envolvendo os 15 militares britânicos detidos, mas reiterou que o Reino Unido deve reconhecer que seus militares violaram as águas territoriais do país, informaram os meios de comunicação do Irã. Reconhecimento Em entrevista após a inauguração das unidades logísticas da usina nuclear de Bushehr, Davoudi ressaltou que o governo britânico "deve oferecer garantias e reconhecer que ocorreu uma violação" das águas jurisdicionais do país. "Acho que o problema vai nessa direção e, se Deus quiser, será solucionado em breve", afirmou o vice-presidente. Já Larijani, afirmou que Teerã e Londres iniciaram negociações diplomáticas para resolver a crise da detenção dos quinze militares britânicos, segundo a agência oficial Irna. Larijani, que é também o principal negociador iraniano em matéria nuclear, disse que o governo de Londres "começou negociações diplomáticas com o Ministério de Exteriores iraniano para solucionar o assunto dos militares", indicou a agência. "Estamos no começo do caminho. Se isto continuar, logicamente as condições podem mudar e podemos caminhar em direção a um acerto sobre o caso", afirmou. Julgamento Larijani declarou na segunda-feira ao canal de televisão britânico Channel 4 que seu país quer resolver a crise por "canais diplomáticos", destacando que "pode ser resolvido" e que "não haverá necessidade" de submeter os marinheiros detidos "a julgamento". Na entrevista, Larijani acrescentou que deveria haver uma "delegação" que esclarecesse se os detidos estavam ou não em águas iranianas. "Não temos interesse em que o assunto se complique mais", ressaltou. O negociador iraniano reiterou as críticas do Irã à ONU e à União Européia (UE) por seu envolvimento em uma crise que Teerã considera bilateral. As autoridades iranianas disseram na segunda-feira, 2, que, em resposta ao que consideram uma mudança de atitude dos britânicos, não exibirão por enquanto mais imagens dos 15 militares detidos. A promessa, entretanto, parece ter sido quebrada nesta terça-feira, depois que novas imagens dos cativos foram veiculadas. Em vários vídeos divulgados até agora, os marinheiros reconheceram que estavam em águas jurisdicionais do Irã quando foram detidos.

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