Putin ameaça apontar 'novas armas' contra os EUA se mísseis forem instalados na UE

Nos comentários mais duros que já fez a respeito de uma nova corrida armamentista em potencial, líder russo afirma que não dará o primeiro passo

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Por Redação
Atualização:

MOSCOU - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta quarta-feira, 20, que Moscou responderá a qualquer instalação de armas nucleares americanas de alcance intermediário na Europa mirando seus "novos mísseis" não só contra os países que receberem esse armamento, mas os próprios Estados Unidos.

Putin fazseu discurso do Estado da União com ameaças aos EUA Foto: Alexander NEMENOV / AFP

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Nos comentários mais duros que já fez a respeito de uma nova corrida armamentista em potencial, Putin disse que a Rússia não busca um confronto e não dará o primeiro passo na mobilização de mísseis em reação à decisão tomada por Washington no mês passado de romper com um tratado de controle de armas emblemático dos tempos da Guerra Fria.

No entanto, assegurou que a reação russa a qualquer mobilização dos americanos será firme e as autoridades dos EUA deveriam calcular os riscos antes de tomar qualquer atitude.

“É direito deles pensarem como quiserem. Mas eles sabem contar? Tenho certeza que sabem. Deixe-os contarem a velocidade e o alcance dos sistemas de armas que estamos desenvolvendo”, disse Putin em pronunciamento anual ao Parlamento da Rússia. Em seguida, o líder foi ovacionado.

“A Rússia será forçada a criar e instalar tipos de armas que podem ser usadas não somente contra esses territórios a partir dos quais a ameaça direta a nós se origina, mas também a respeito desses territórios onde os centros de tomada de decisão estão localizados”, disse.

Alegando violações da Rússia, Washington comunicou neste mês que está suspendendo suas obrigações com o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF) e iniciando o processo de rompimento com o acordo, o que lhe possibilita desenvolver novos mísseis.

O pacto proibia os dois países de posicionarem mísseis terrestres de alcance curto e intermediário na Europa, e seu fim cria a perspectiva de uma nova corrida armamentista entre Washington e Moscou, que nega desrespeitar o tratado.

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As duas potências também se mostraram irritadas com relação à China e o INF. Como não signatária do pacto, a nação asiática é livre para aumentar seu arsenal e desenvolver armas que os antigos inimigos da Guerra Fria não conseguem. 

Putin respondeu à medida dos EUA dizendo que a Rússia espelhará as ações americanas suspendendo suas próprias obrigações e deixando o pacto.

Mas Putin, que já usou uma retórica beligerante para valorizar o impasse russo com o Ocidente e unir os cidadãos de seu país, não aumentou a aposta. Ele não anunciou novas mobilizações de mísseis, dizendo que o dinheiro para novos sistemas deve vir do orçamento existente, e declarou que Moscou não instalará novos mísseis terrestres na Europa ou outros lugares a menos que Washington o faça primeiro.

Popularidade

Menos de um ano após ser reeleito para um quarto mandado, o presidente russo tem visto sua popularidade cair ao nível mais baixo desde a anexação da Crimeia em 2014, efeito do aumento da idade para aposentadoria e uma alta do imposto sobre o valor agregado (TVA), que começou a valer em 1º de janeiro.

Uma retórica mais dura ligada à questão nuclear tem se tornado chave para a projeção de poder do Kremlin em casa e fora do país, além de uma tentativa de levar Washington à mesa de negociação. 

O líder russo também usou o discurso de ontem para anunciar que os testes de um veículo planador com capacidade nuclear e um drone subaquático foram concluídos e dois mísseis estão prontos para serem incluídos no arsenal do este ano. / REUTERS, W. POST e AFP 

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