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Putin ameaça cortar envio de gás à Ucrânia

Líder russo aprofunda crise com vizinho, exigindo pagamento antecipado por fornecimento do insumo

Por MOSCOU
Atualização:

A confrontação entre Moscou e Kiev se aprofundou ontem após o presidente russo, Vladimir Putin, ameaçar cortar o suprimento de gás para a Ucrânia nos próximos dias, caso o governo ucraniano não pague antecipadamente futuros envios do insumo ao país em conflito.

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No mesmo dia, Donald Tusk, que ocupa a presidência rotativa da União Europeia, afirmou que o bloco não hesitará em aplicar mais sanções contra a Rússia e os separatistas pró-Moscou caso o recente acordo de paz não seja cumprido no leste da Ucrânia.

A ameaça de Putin evidencia a intenção do Kremlin de usar seu poder econômico contra o vizinho mesmo em meio aos recentes esforços para acalmar o conflito ucraniano. A economia da Ucrânia está à beira do colapso - o governo ucraniano tem usado suas reservas em moeda estrangeira para continuar pagando pelo fornecimento de gás à Rússia.

Putin não deu prazo para a Ucrânia fazer os pagamentos antecipados, mas afirmou que qualquer corte de abastecimento também afetará o restante da Europa, levantando preocupações de que o continente possa enfrentar novamente falta de gás, meses antes de o clima europeu voltar a esquentar.

O território da Ucrânia abriga a maioria dos gasodutos que transportam o gás que abastece a Europa Ocidental. No passado, a Rússia já cortou o abastecimento de gás para países com os quais manteve disputas geopolíticas.

O presidente russo, Vladimir Putin, ameaça a Ucrânia com cortes no fornecimento de gás, caso o vizinho não pague antecipadamente pelo insumo Foto: EFE/Mikhail Klimentyev

"Esperamos que as coisas não cheguem ao ponto dessas medidas extremas - que o fornecimento de gás não seja interrompido", afirmou Putin. "Mas isso não depende somente de nós, depende da disciplina financeira de nossos parceiros ucranianos. Naturalmente, isso poderá criar uma certa ameaça ao trânsito de gás para a Europa."

De acordo com o presidente do bloco europeu, "sanções adicionais permanecem na mesa" se o acordo de paz negociado no início do mês falhar. Desde que o cessar-fogo entrou em vigor, no dia 15, cerca de 800 violações do pacto ocorreram. "Devemos estar prontos para qualquer desenvolvimento, bom ou ruim", afirmou Tusk.

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O chanceler francês, Laurent Fabius, disse ontem que novas sanções serão aplicadas contra Moscou casos os separatistas ucranianos voltem a atacar a cidade de Mauripol. No Parlamento Europeu, houve vários pedidos para ações mais duras contra o governo da Rússia.

Crimeia.

O jornal russo Novaya Gazeta revelou ontem que o Kremlin foi aconselhado a anexar a Crimeia semanas antes de o governo do presidente Viktor Yanukovich - pró-Moscou - ser derrubado, em 21 de fevereiro de 2014. Segundo o jornal, um memorando de 4 de fevereiro de 2014 aconselhou Putin a anexar a Crimeia.

O território acabou anexado pela Rússia em março, após um plebiscito em que a maioria da população local votou em favor da separação da Ucrânia. Moscou, no entanto, sempre afirmou que atuou sem premeditação em relação à Crimeia e, com a anexação da península, buscava apenas proteger os russos étnicos que vivem na região.

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