Putin dá prazo de 72 horas para rebeldes negociarem a paz

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Por Agencia Estado
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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, deu hoje um prazo de 72 horas para que os rebeldes chechenos se sentem em uma mesa para negociarem a paz com Moscou - sua segunda oferta de conversação em dois anos de guerra. Falando em cadeia nacional de televisão, em um discurso sobre os recentes ataques terroristas nos Estados Unidos, Putin propôs que os rebeldes discutam os termos de sua rendição com Viktor Kazantsev, o representante de Moscou em Nazran, no sul do país. "Admito a presença de pessoas na Chechênia que ainda usem armas sob a influência de valores falsos e distorcidos", afirmou Putin. "Hoje, quando o mundo civilizado definiu sua posição na luta contra o terrorismo, todo mundo deve definir o seu lado. Esta chance também deve ser dada para aqueles na Chechênia que ainda não entregaram suas armas". O líder russo conclamou os rebeldes para que "paralisem imediatamente seus contatos com os terroristas internacionais e suas organizações", em uma referência à antiga afirmação russa de que os rebeldes chechenos são apoiados por Osama bin Laden, o suspeito número um dos Estados Unidos de der cometido os atentados em Nova York e Washington. "Os eventos na Chechênia não podem ser analisados fora do contexto da luta internacional contra o terrorismo", insistiu Putin. Entre 1994 e 96, a Rússia travou uma guerra na Chechênia, que terminou com a independência de facto da república. Três anos mais tarde, tropas russas retornaram à região para lutar contra os insurgentes remanescentes. Líder checheno Aslan Maskhadov, o líder rebelde da Chechênia, cortou relações com o Conselho da Europa, principal órgão de defesa dos direitos humanos do continente europeu. Ele acusa o grupo de não ter conseguido apurar supostos crimes de guerra cometidos pelos soldados russos e de não ter levado Moscou à mesa de negociações. Sergei Yastrzhembsky, enviado do Kremlin, recebeu a notícia com satisfação. De acordo com ele, o afastamento entre os rebeldes e o grupo de defesa de direitos humanos ocorreu devido à posição mais rígida do Conselho da Europa com relação ao terrorismo depois dos ataques de 11 de setembro contra os Estados Unidos. O Kremlin opunha-se a qualquer contato entre funcionários estrangeiros e líderes rebeldes chechenos, classificados por Moscou como terroristas. Maskhadov disse ter rompido os laços "até que a organização altere sua política negativa", segundo um comunicado publicado nesta segunda-feira na página na Internet do Centro Kavkaz, ligada aos rebeldes. Não estava clara a intensidade dos contatos entre os rebeldes e os membros do conselho nem o impacto imediato de tal decisão. De acordo com Yastrzhembsky, o Conselho da Europa reconheceu "a legitimidade de uma resposta vigorosa contra o terrorismo". Para ele, isto enfureceu Maskhadov, "que prefere usar o conselho como canal de influência sobre a opinião pública internacional da forma como desejar", publicou a agência de notícias Interfax. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, rejeitou em diversas ocasiões os apelos de Maskhadov por uma negociação de paz. No começo do mês, Putin disse que Moscou só aceitaria negociar sob condições estritas às quais seria improvável a concordância dos rebeldes.

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