Putin e Raúl ressaltam aliança estratégica entre Cuba e Rússia

Presidentes se reuniram antes das celebrações pelo 70.º aniversário da 2.ª Guerra e destacaram acordos feitos entre os dois países 

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Por Redação
Atualização:
Putin (esquerda) e Raúl se abraçam em reunião em Moscou Foto: Anatoly Maltsev/Reuters

MOSCOU - Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e de Cuba, Raúl Castro, disseram nesta quinta-feira no Kremlin querer manter e desenvolver a aliança estratégica entre os dois países, que agora tem como pano de fundo o processo de retomada das relações da ilha com os Estados Unidos.

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"Não preciso descrever a qualidade das relações russo-cubanas, têm uma longa história, e, além disso, celebramos o 55.º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas. Estamos muito contentes por vê-lo, seja bem-vindo", disse Putin a Raúl ao começar a reunião.

Os líderes se cumprimentaram calorosamente e se abraçaram diante dos jornalistas antes de se dirigir à reunião, acompanhados de suas respectivas delegações e, mais tarde, a sós.

O líder cubano, o primeiro dos visitantes internacionais a chegar a Moscou para participar das celebrações do 70.º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial, agradeceu a Putin pelo convite. "Eu não podia faltar a essa festa", disse Raúl, após referir-se à "grande vitória dos povos da antiga União Soviética" sobre os nazistas.

Raúl também destacou os importantes acordos no plano econômico alcançados durante a visita que Putin fez a Cuba em julho do ano passado, que agora pretendem botar em prática. Na quarta-feira, primeiro dia de estadia em Moscou, o líder cubano falou com o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, em um encontro centrado na cooperação econômica.

Nem Putin nem Raúl fizeram mais declarações após a reunião, mas os analistas consideram que o principal objetivo do líder cubano seja convencer Moscou que, apesar da aproximação entre Washington e Havana, Cuba continuará sendo um parceiro estratégico.

"Raúl Castro veio para pôr os pingos nos 'is' e comunicar claramente aos dirigentes russos que, apesar da importância e da necessidade de desenvolver a colaboração com os EUA, Cuba segue plenamente interessada em desenvolver a cooperação com a Rússia", disse o diretor do Centro de Estudos Políticos do Instituto da Academia de Ciências da Rússia, Boris Shmeliov.

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Havana precisa de investimentos para tirar sua economia do ponto morto em que se encontra e nesse sentido ganham força os projetos em âmbitos como o da energia e de infraestruturas que se quer desenvolver com a ajuda de Moscou.

Além disso, segundo Shmeliov, Raúl buscaria obter uma espécie de garantia de segurança por parte da Rússia para o caso que de chegar à presidência dos EUA um líder mais duro que Barack Obama em política externa, que mude a postura em relação a Cuba.

As relações russo-cubanas, que esfriaram após a desintegração da URSS em 1991, foram impulsionadas de novo uma década depois. No ano passado, por exemplo, a Rússia cancelou 90% da dívida contraída pela ilha perante Moscou durante a época soviética, de US$ 31 bilhões.

Raúl participará no sábado do desfile militar na Praça Vermelha para comemorar o 70.º aniversário da vitória sobre a Alemanha nazista na 2.ª Guerra, junto a outros aliados da Rússia, como o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e o da China, Xi Jinping.

A tradicional parada militar de 9 de maio será acompanhada por cerca de 30 chefes de Estado ou governo mundiais, mas nenhum líder ocidental, apesar dos convites feitos por Moscou, submetida a sanções por seu papel na crise da Ucrânia.

"A presença de Castro na parada demonstra que, apesar das tentativas dos EUA de normalizar as relações com Cuba, a prioridade estratégica para Havana continua sendo a Rússia", disse à Agência Efe Leonid Ivashov, antigo general soviético e chefe da Academia de Assuntos Geopolíticos da Rússia. /EFE

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