O presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou a formação de uma equipe especial, integrada por altos funcionários, para lidar com a crise causada pelo seqüestro do avião russo na Turquia. O grupo será comandado pelo subdiretor do Serviço Federal de Segurança (SFS, um dos órgãos sucessores da KGB), Vladimir Pronichev. O porta-voz especial para a Chechênia, Serguei Yastrjembski, disse que "está sendo preparada uma unidade antiterrorista, para o caso de ser necessária uma intervenção". Não ficou claro como essa equipe poderá intervir num seqüestro em outro país. A ação dos dois chechenos traz novamente à tona o conflito na república separatista da Chechênia, que o Kremlin vem tentando mostrar como uma guerra ganha pelas tropas federais, restando apenas alguns focos de guerrilha. Entretanto, mais de um ano depois de as Forças Armadas terem conquistado Grozny e retomado o controle sobre a maior parte do território checheno, quase todos os dias os russos sofrem baixas. Na quarta-feira, um alto oficial informou que 12 soldados foram mortos e 27 feridos em combates com os rebeldes nas horas anteriores. Ainda assim, nesta semana o Kremlin anunciou o início da redução do contingente do Exército na república, de 80 mil para 25 mil homens, e a meta de transferir a responsabilidade pela segurança para o SFS. O governo russo acusava a Turquia de dar apoio aos separatistas e até de receber em seus hospitais rebeldes feridos nos combates. Rússia e Turquia são tradicionais rivais pela hegemomia no Cáucaso (onde fica a Chechênia), e a grande maioria dos turcos segue, como os chechenos, a religião muçulmana. No entanto, recentemente os dois países firmaram um acordo de cooperação no combate ao terrorismo, e a Turquia prometeu não apoiar mais os rebeldes. O apoio da Turquia aos separatistas ficou evidente em outro caso de seqüestro, em 1996. Dois chechenos, seis turcos e um georgiano mantiveram reféns por quatro dias 200 passageiros de um ferryboat na costa turca no Mar Negro, em protesto contra a ação militar russa na Chechênia. Eles foram presos e condenados a 8 anos de prisão por um tribunal turco, mas conseguiram fugir, num caso em que houve suspeita de facilitação de fuga pelas autoridades.