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Putin nomeia desconhecido como premiê e dissolve governo russo

Viktor Zubkov, que controlava órgão de combate à lavagem de dinheiro, desponta como possível sucessor do presidente

Por AP e Reuters
Atualização:

Moscou - O presidente russo, Vladimir Putin, surpreendeu o país ontem ao nomear um tecnocrata praticamente desconhecido como primeiro-ministro e deixou no ar a dúvida de quem seria seu sucessor na presidência para as eleições do ano que vem. Após aceitar a demissão do premiê, Mikhail Fradkov, e dissolver o governo, Putin escolheu o diretor do Serviço Federal de Controle Financeiro,Viktor Zubkov, de 65 anos, para assumir o posto. O anúncio da nomeação de Zubkov - figura discreta e amigo de Putin (leia ao lado) - foi feito pelo presidente da Câmara Baixa do Parlamento, a Duma, Boris Gryzlov. "As atividades profissionais de Zubkov em diversos campos permitem que ele lidere o gabinete da Federação Russa", afirmou. De acordo com Gryzlov, a Duma deve ratificar a nomeação até amanhã. Antes de partir para uma viagem à região do Volga, Putin agradeceu Fradkov pelo trabalho durante os três anos e meio em que serviu ao seu governo e disse que a mudança serviria para preparar a Rússia para as próximas eleições. "Temos de pensar juntos em como construir uma estrutura de poder para o período pré-eleitoral e também prepare o país para depois da eleição presidencial de março", afirmou Putin. A decisão do presidente russo confundiu previsões de analistas, que acreditavam que ele escolheria um dos dois candidatos favoritos para o cargo de premiê - os vice-primeiros-ministros Serguei Ivanov e Dmitri Medvedev. A escolha de Ivanov ou Medvedev seria um passo inicial rumo à definição do sucessor de Putin no Kremlin - reproduzindo a escalada ao poder do atual presidente. Em 1999, o ex-presidente russo Boris Yeltsin deu a Putin o cargo de primeiro-ministro, antes de nomeá-lo presidente interino. Putin é extremamente popular entre os russos, por isso, acredita-se que o candidato que ele apoiar provavelmente será eleito presidente. No entanto, fontes do Kremlin ouvidas pelo jornal britânico The Times, afirmaram que Putin quer evitar comprometer-se diretamente com um ou outro candidato. Ontem, um pesquisador da Fundação Heritage, em Washington, informou que Ivanov vem pressionando o partido pró-Kremlin Rússia Unida a acabar com o mistério da escolha de seu candidato presidencial até outubro e anunciar o nome que concorrerá à presidência em 2008. TRANSIÇÃO De acordo com alguns analistas, Putin dificilmente abrirá mão de nomear um sucessor e a escolha de Zubkov foi planejada para despistar a opinião pública sobre quem será seu candidato em 2008. "É bem provável que ele (Zubkov) seja uma figura de transição, que só ficará até a posse do novo presidente e a escolha do novo governo", afirmou a economista-chefe do Alfa Bank, em Moscou, Natalya Orlova. "Eu não excluo a possibilidade de outro político tornar-se o sucessor do presidente", afirmou o chefe do centro de estudos Politika Foundation, Vyacheslav Nikonov. "Não acredito que a nomeação de Zubkov signifique que ele ficará no lugar de Putin." Outros analistas trabalham com a tese de que Zubkov seja lançado candidato como um "guardião do governo", que ficaria no poder até Putin poder ser eleito novamente. Pela Constituição russa, após dois períodos consecutivos, Putin só poderá concorrer à presidência em 2012 ou caso o presidente que o suceder renuncie antes do fim do mandato. "Zubkov é o candidato ideal para a presidência", afirmou o representante comunista no Parlamento Victor Ilyukhin. "Ele é próximo e leal ao presidente", disse. "Parece que o Kremlin já está preparando o retorno de Putin."

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