Putin sai da sombra e lidera reação a ataques

Para analistas, premiê já ensaia primeiros passos para retornar ao poder em 2012; Obama e ONU condenam atentados

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Por MOSCOU
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O ex-presidente e atual premiê russo, Vladimir Putin, ocupou os holofotes na reação de Moscou aos atentados de ontem, enquanto o presidente Dmitri Medvedev viu-se em um papel mais discreto. A atitude de Putin - que, segundo alguns, é o verdadeiro mandatário russo - fez crescer as suspeitas de que o líder linha-dura planeja iniciar um movimento para retornar à presidência na eleição de 2012.Informado dos ataques, o ex-presidente cancelou o restante da viagem que fazia à Sibéria e foi o primeiro a ir às TVs russas condenar a tragédia, prometendo "destruir" seus responsáveis. "É um crime terrível em suas consequências e hediondo no modo como foi cometido", disse.Medvedev lançou a primeira condenação por meio de seu porta-voz e, horas depois, usou os mesmos termos de Putin para se referir à reação do governo: "Destruiremos eles.""Esses ataques são uma afronta direta a Putin, cuja ascensão ao poder teve como base a promessa de esmagar os "inimigos da Rússia". É uma agressão à imagem de homem forte de Putin", disse o especialista Jonathan Eyal, do Royal United Services Institute, de Londres.O ex-presidente foi responsável pela "política de pacificação" do norte do Cáucaso, que enfraqueceu movimentos separatistas na Chechênia, Ingushétia e Daguestão. Putin colocou no poder um governo fantoche na Chechênia, controlado por Ramzan Kadyrov e acusado de abusos sistemáticos contra a população local.Andrei Ostalski, analista da BBC, afirmou que a reação de Putin aos ataques indica que o presidente não pretende deixar tão cedo o cenário político e já arquiteta um retorno à presidência nas eleições de 2012.Condenação global. O presidente dos EUA, Barack Obama, telefonou ontem a Medvedev para prestar condolências pela tragédia. Obama teria também prometido auxiliar Moscou no combate ao terrorismo.O Conselho de Segurança da ONU condenou os atentados coordenados e disse que a ação "é um crime injustificado". O secretário-geral da organização, Ban Ki-moon, disse estar confiante de que os responsáveis serão "levados à Justiça". /AFP

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