Putin saúda eleição 'limpa', mas oposição convoca protestos

Com apuração quase concluída, premiê tem mais de 60% dos votos em meio a denúncias de fraude

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MOSCOU - O primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin, disse neste domingo, 4, ter vencido as eleições presidenciais russas de forma ''aberta e honesta''. Com 99% dos votos apurados, os resultados indicam que ele conquistou cerca de 64% dos votos.

 

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Grupos de oposição, entretanto, afirmam que o pleito, realizado no domingo, foi marcado por fraudes generalizadas e convocaram protestos contra o resultado para esta segunda-feira. A ONG russa Golos, financiada pelos Estados Unidos e que promove o monitoramento de eleições na Rússia, diz que o premiê conquistou pouco mais de 50% dos votos, cifra muito inferior à declarada oficialmente. A ONG diz ter recebido inúmeras denúncias de que eleitores teriam depositado várias cédulas eleitorais. A conquista de mais de 50% dos votos evitou que eleição fosse para o segundo turno. 'Dança das cadeiras' Pouco após as pesquisas de boca de urna terem indicado sua vitória, Putin fez uma aparição pública ao lado do atual presidente, Dmitri Medvedev, e agradeceu aos eleitores ''de todos os cantos'' da Rússia. ''Eu prometi que nós iríamos vencer e nós vencemos. Glória à Rússia'', afirmou. O futuro presidente ainda acrescentou: ''Nós vencemos uma batalha aberta e honesta. Provamos que ninguém pode nos obrigar a fazer qualquer coisa''. Putin apoiou seu então primeiro-ministro Medvedev quando este disputou a presidência em 2008, devido a um veto constitucional que impede que presidentes busquem um terceiro mandato consecutivo. Quando assumir, a expectativa é de que faça uma ''dança das cadeiras'' com o atual presidente, que ganharia o cargo de primeiro-ministro. Segundo a enviada especial da BBC à Rússia, Bridget Kendall, é provável que a eleição presidencial provoque repercussão semelhante à que seguiu as eleições parlamentares, em dezembro do ano passado, quando houve várias denúncias de fraude. Naquela ocasião, as acusações provocaram uma onda de protestos populares que levaram 90 mil pessoas às ruas de diferentes cidades russas, desafiando um inverno rigoroso com temperaturas abaixo de zero. Um dos candidatos oposicionistas, o bilionário Mikhail Prokhorov, disse estar preocupado com possíveis violações ocorridas nesta disputa eleitoral e afirmou estar levantando um dossiê sobre o tema. 'Injusta e indigna' O segundo colocado, o comunista Gennady Zyugannov, que ficou com 17,9% dos votos, criticou duramente o resultado, qualificando a eleição como ''injusta e indigna''. Por conta da crescente indignação popular, afirmou, Putin ''não será capaz de governar como antes''. Vladimir Ryzhkov, um dos líderes dos protestos populares, comentou que ''estas eleições não podem ser consideradas legítimas de maneira alguma''. Em entrevista à BBC, o blogueiro de oposição e ativista anticorrupção Alexey Navalny disse que ocorreram ''falsificações de escala grandiosa, especialmente em Moscou'', com, segundo ele, várias denúncias de um único eleitor preenchendo várias cédulas eleitorais. Já o chefe de campanha de Putin, Stanislav Govourkhin, descreveu o pleito como ''o mais limpo na história russa''.

 

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