Pyongyang expulsa inspetores da ONU

Coreia do Norte anuncia que vai retomar seu programa atômico

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Por AP , Reuters e SEUL
Atualização:

A Coreia do Norte disse ontem que considera a negociação sobre o fim de seu programa nuclear desnecessária e boicotará o diálogo internacional sobre o tema. O país também anunciou que reativará o reator de Yongbyon e não vai mais cooperar com os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) - ontem Pyongyang expulsou todos do país. A decisão é uma retaliação contra a resolução do Conselho de Segurança da ONU, aprovada na segunda-feira, condenando o lançamento de um foguete norte-coreano na semana passada. Em comunicado, a chancelaria norte-coreana afirmou que pretende construir um reator de água leve para produzir energia e usará o espaço de modo pacífico contra "a tirania da ONU", com base em seu "direito soberano". "Produziremos nosso próprio reator e reabriremos instalações que foram fechadas", afirma o comunicado oficial. Desde 2003, cinco países estão envolvidos nas negociações para a desnuclearização da Coreia do Norte: Coreia do Sul, EUA, China, Rússia e Japão. A AIEA confirmou a expulsão de seus inspetores. "A Coreia do Norte determinou a remoção de todo o equipamento de vigilância da usina nuclear de Yongbyon. Os inspetores da AIEA não terão mais acesso às instalações", disse a organização em nota divulgada ontem. Para a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, a expulsão dos inspetores foi "desnecessária". "Teremos oportunidade de discutirmos isso não só com nossos aliados, mas também com a Coreia do Norte." Robert Gibbs, porta-voz da Casa Branca, condenou a decisão. "A Coreia do Norte tem de parar com esse tipo de ameaça", disse. A Rússia lamentou a declaração norte-coreana e pediu a Pyongyang que retome as negociações. A China, mais moderada, pediu calma a todas as partes envolvidas. Apesar do tom elevado, especialistas dizem que é pouco provável que a Coreia do Norte abandone completamente as negociações. Eles desconfiam que o endurecimento do discurso é uma tentativa de atrair os EUA para uma negociação direta com Pyongyang. Para Hajime Izumi, analista da Universidade de Shizuoka, no Japão, a reação norte-coreana tem como objetivo "arrastar os EUA para a mesa de negociação e extrair o máximo de concessões". Yoo Ho-yeol, especialista da Universidade de Seul, também acredita que Pyongyang não abandonará o diálogo. "Isso só isolaria ainda mais o país."

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