PYONGYANG - Os EUA tratam a Coreia do Norte como uma criança à qual se pode dar ordens e exageram a capacidade militar do país para justificar aumentos de seu próprio orçamento de defesa, disse nesta quarta-feira, 11, Paek Chang-ho, diretor do centro de controle de satélite do Comitê de Tecnologia Espacial norte-coreano.
Segundo ele, Pyongyang "realmente não se importa" com as críticas do exterior à sua decisão de lançar um satélite nos próximo dias. "Ele é crucial para o desenvolvimento da nossa economia e, por isso, vamos seguir com nossos planos ", afirmou.
Washington opõe-se de maneira contundente ao lançamento e sustenta que ele é um pretexto para a realização de um teste com míssil balístico. "Os EUA são como uma pessoa de 80 anos que se preocupa com tudo. Se nós fôssemos como um menino de 5 anos, poderíamos apenas seguir ordens. Mas nós somos adultos", ponderou Paek.
Sob ataque da comunidade internacional, a Coreia do Norte realiza uma ofensiva de relações públicas para mostrar ao mundo que planeja colocar em órbita um satélite e não testar um míssil, como acusam EUA, Japão e a vizinha Coreia do Sul.
Nesta quarta, cerca de cem jornalistas estrangeiros visitaram o centro de controle de satélites, de onde será dado o comando para o lançamento.
Paek fez questão de falar com as redes de TV americanas e com o ex-funcionário da Nasa James Oberg, que foi à Coreia do Norte como consultor da emissora NBC.
"Esse não é um lançamento militar", afirmou Oberg. Segundo ele, todas as informações e instalações são consistentes com os passos necessários para colocação em órbita de um satélite.
O lançamento será feito em direção ao sul e circundará a Terra sobre os polos. Assim que ele entrar em órbita, rádios amadores poderão captar seu sinal e ouvir as canções de Kim Il-sung e Kim Jong-il que serão transmitidas pelo satélite.
A Coreia do Norte também é acusada de violar resolução de 2009 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que proíbe o país de realizar "qualquer disparo que use tecnologia de míssil balístico". Apesar de seu caráter civil, o satélite será colocado em órbita por um foguete que tem origem no míssil Taepodong-2, testado em 2006.
Pyongyang responde que tem o direito à exploração pacífica do espaço, como qualquer outro país, e alega que a resolução viola sua soberania nacional. Se for bem-sucedido, o lançamento do satélite será um símbolo político do regime e do jovem líder Kim Jong-un, de 29 anos, que assumiu o poder em dezembro depois da morte de seu pai, Kim Jong-il.
A data de lançamento do satélite foi escolhida para coincidir com as celebrações do centenário de nascimento de Kim Il-sung, no domingo, as maiores desde a fundação do país, em 1948.