Faltando 49 dias para que o Reino Unido saia da União Europeia (UE), as preocupações econômicas sobre o que ocorrerá aos britânicos e ao bloco econômico europeu aumentam conforme fracassam as negociações políticas para um acordo.
A primeira-ministra britânica, Theresa May, teve a sua proposta de acordo rejeitada pelos parlamentares. Agora, ela renegocia alguns termos controversos com a UE para tentar conseguir a maior parte dos votos no Parlamento. Caso não atinja maioria, existe a possibilidade de adiar o prazo final da saída ou, ainda, de acontecer uma separação abrupta, que é considerado o pior cenário por vários especialistas.
Um Brexit sem acordo pode deixar o Reino Unido em uma crise econômica pior que a de 2008, segundo economistas do governo britânico. Uma projeção otimista afirma que o Produto Interno Bruto da região será até 3,9% menor em 2034. Em um cenário pessimista, a queda pode ser de até 9,3%.
Mas o impacto pode ser doloroso também para os 27 Estados-membros remanescentes na UE. Embora o bloco seja um mercado único, cada país tem uma relação única com o Reino Unido, com bens, serviços, pessoas e capital circulando. As regiões mais expostas a um Brexit “duro” experimentariam de disrupções no comércio a até tarifas mais caras para uma série de produtos.
A Irlanda seria a mais afetada nas exportações para o Reino Unido, tendo uma redução de quase 4% na composição total do comércio do país. Dos britânicos, as importações irlandesas diminuiriam em 1,8%, valor bem alto se comparado a outros países. Outros países cujas exportações seriam afetadas são a Eslováquia, Bélgica e Espanha.
Outros Estados-membros da EU teriam pouca mudança em suas importações, com exceção da Irlanda, Alemanha e França, os mais afetados. As informações são do Economic & Social Research Institute (Esri), de Dublin, e foram publicadas em estudo de 2016.
Mesmo que as garantias feitas por May de que pessoas vivendo ou trabalhando no Reino Unido possam permanecer no país legalmente caso aconteça um Brexit sem acordo, as restrições para os imigrantes podem chegar antes do que o planejado.
Isso afetaria os cidadãos de países da União Europeia que dependem de trabalhadores no exterior para lhes enviar dinheiro. O Reino Unido é o terceiro maior remetente no bloco e, em 2017, imigrantes enviaram US$ 9 bilhões para pessoas do continente.
Os países que mais recebem dinheiro vindo do Reino Unido são a Polônia, França e Alemanha. / THE NEW YORK TIMES