PUBLICIDADE

Qual a relação de Joe Biden com a Ucrânia no escândalo do impeachment de Trump

O filho do ex-vice presidente dos EUA trabalhou durante anos em empresa ucraniana, e Trump o acusa de ter interferido em investigações para interesse próprio

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Desde os primeiros relatos de que a conversa entre o presidente dos Estados Unidos Donald Trump e o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, teria tido como conteúdo um pedido para a investigação de seu possível principal rival nas eleições presidenciais de 2020, Joe Biden, tanto o republicano quanto seus aliados têm insistido na versão de que a verdadeira investigação deve girar em torno da relação entre Biden, seu filho e uma empresa de gás ucraniana e seus escândalos de corrupção.

Como pano de fundo da história, os argumentos referem-se à viagem de Biden à Ucrânia em março de 2016, ainda como vice-presidente do governo de Barack Obama. Na época, havia uma mobilização internacional, liderada pelos EUA e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para que os escândalos de corrupção no país fossem investigados com mais afinco.

Hunter e seu pai, Joe Biden, na cerimônia de posse de Obama, em 2009 Foto: Carlos Barria/Reuters

PUBLICIDADE

O então procurador ucraniano, Viktor Shokin, era acusado de bloquear investigações envolvendo corrupção e lavagem de dinheiro, sob o governo do ex-presidente Viktor Yanukovych, deposto em 2014 e forçado a sair do país, em parte por causa dos escândalos de corrupção, além do seu vínculo com a Rússia.

Na época, o Reino Unido pressionava pela colaboração das autoridades ucranianas para investigar a maior empresa de gás natural do país, a Burisma, e os indícios de corrupção e lavagem de dinheiro de seu presidente, Mykola Zlochevsky, já que ele detinha US$ 23 milhões em um banco britânico. Após ter sido congelado pelo governo britânico, o valor foi transferido para uma conta em Chipre, segundo o site Bloomberg

Foi neste contexto, em maio de 2014, que o advogado Hunter Biden, filho mais novo de Joe Biden, aceitou o cargo no conselho da Burisma, ganhando um salário de até US$ 50 mil mensais. Na época de sua contratação, a empresa afirmou que ele estaria responsável pelo “núcleo legal” da Burisma, sem especificar suas funções. Ao jornal The New York Times, em maio de 2019, ele negou tais especificidades.

Ainda não há evidências de que Hunter tenha se envolvido em algum momento nos escândalos de corrupção da empresa. Nesta quinta-feira, 26, o procurador que assumiu após a saída de Shokin, Yuri Lutsenko, reforçou que não havia indícios de envolvimento de Hunter.

Porém, houve críticas à época na questão de conflito de interesses, já que seu pai começou a liderar um movimento para tirar o então procurador ucraniano, acusado de não investigar a própria empresa onde Hunter trabalhava.

Publicidade

Sob uma iniciativa da Embaixada dos EUA na Ucrânia, o ex-vice presidente americano viajou ao país em 2016 para pressionar pela saída de Shokin, o que ocorreu pouco tempo depois, sob a bandeira anti-corrupção.

Agora, Trump e seus aliados afirmam que a conduta de Shokin sempre foi correta, e que Biden na verdade teria interferido para que o procurador não investigasse a empresa onde seu filho trabalhava. Porém, ele era pressionado exatamente por fazer o oposto. 

Uma fala específica de Biden em um evento em 2018, onde ele comemora a saída de Shokin e atribui a conquista a si, também tem sido utilizada para justificar que o ex-vice presidente teria agido em causa própria. Ele acrescenta, ao fim, que “colocaram no lugar alguém que era sólido na época”.

A negociação feita por Biden envolvia o empréstimo de US$ 1 bilhão para a Ucrânia, que só seria pago caso Shokin fosse afastado do caso, como revelou o americano na mesma ocasião. Em comparação, segundo o jornal The New York Times, Trump mandou congelar US$ 391 milhões em ajuda à Ucrânia em 2019, dias antes de falar por telefone com o presidente ucraniano sobre Biden. / NYT

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.