Quarteto apresenta acordo de ajuda temporária a palestinos

Mesmo com os pedidos dos Estados Unidos para que não ajudem o governo do Hamas, os mediadores aprovaram um programa de auxílio humanitário aos palestinos

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Por Agencia Estado
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Os Estados Unidos cederam às pressões de seus aliados e aceitaram nesta terça-feira apoiar um novo programa de ajuda humanitária temporária ao povo palestino. A declaração formal dos membros do Quarteto de mediadores de paz para o Oriente Médio, divulgada depois de um dia de reuniões a portas fechadas na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York, não entra em detalhes sobre a quantia e a forma dessa ajuda. De acordo com o texto, os participantes manifestam a intenção de "endossar um mecanismo internacional temporário limitado em escopo e duração, operado com total transparência e que permita a assistência direta ao povo palestino". Ainda segundo a declaração, a ajuda começará no prazo mais breve possível. Uma decisão sobre a continuidade do programa deverá ser tomada dentro de três meses. O acordo parece destacar a preocupação com a possibilidade de que o boicote econômico imposto à Autoridade Nacional Palestina (ANP) depois da posse do governo liderado pelo grupo islâmico Hamas possa provocar uma catástrofe humanitária nos territórios palestinos. O Quarteto é composto por EUA, União Européia (UE), ONU e Rússia. A secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, informou que a UE liderará os esforços. O programa foi endossado por todos os membros do Quarteto. "O objetivo dessa iniciativa é tentar responder às necessidades do povo palestino", disse a chanceler americana depois da reunião. Linha Dura Mais cedo, Rice pediu que a comunidade internacional mantivesse sua linha dura em relação a ajuda ao governo palestino, mesmo depois do apelo do presidente Mahmoud Abbas para o "fim do boicote econômico" contra seu povo. Abbas escreveu para ela e outros líderes do Quarteto pedindo que o grupo usasse a sessão para encontrar uma maneira de "encerrar o boicote econômico contra o povo palestino e enviar ajuda econômica", disse o observador da ONU palestino, Riyad Mansour. Mansour não especificou a que tipo de ajuda Abbas se referia, mas disse que o presidente da ANP tentou estabelecer uma ponte entre o governo do Hamas e o Ocidente dizendo que irão punir injustamente os palestinos comuns. Crise econômica As potências ocidentais cortaram milhões de dólares em ajuda financeira à ANP para pressionar o grupo islâmico Hamas, que venceu as eleições palestinas de janeiro, a renunciar à violência e a reconhecer o direito de existência de Israel. Ao mesmo tempo, o governo israelense suspendeu o repasse mensal de mais de US$ 50 milhões em impostos arrecadados nas aduanas palestinas e que deveriam ser repassados à ANP. A pressão financeira impediu a ANP de depositar os salários dos últimos dois meses nas contas de seus cerca de 165.000 funcionários. Direta e indiretamente, a entidade é responsável pela renda de aproximadamente um terço dos habitantes dos territórios palestinos.

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