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Quase um terço da população já deixou Mogadíscio, diz ONU

Os mais de 365 mil pessoas deslocadas da Somália em 2007 por conta de conflitos superam os de outras crises como a do Iraque, de Darfur (Sudão) e do Sri Lanka

Por Agencia Estado
Atualização:

Mais de 365 mil pessoas, ou quase um terço da população da capital da Somália, Mogadíscio, fugiram por causa dos confrontos entre as tropas etíopes que apóiam o governo de transição da Somália e os milicianos da antiga União das Cortes Islâmicas (UCI), confirmou a ONU nesta sexta-feira, 27. "O movimento de pessoas em Mogadíscio é o maior já registrado no mundo neste ano", disse o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) em um relatório de situação divulgado em Nairóbi. Isso significa que os deslocados da Somália em 2007 superam os de outras crises como a do Iraque, de Darfur (Sudão) e do Sri Lanka. "De 1º de fevereiro a 27 de abril, mais de 365 mil civis fugiram de Mogadíscio, o que representa quase um terço da população estimada da capital" somali, afirma a agência da ONU, acrescentando que a maioria dos deslocados são mulheres, crianças e idosos. Grande parte dos que conseguiram fugir foram para a região vizinha do Shabelle, onde estão 84 mil deslocados, e do Médio Shabelle, onde estão outros 63 mil. Cerca de 109 mil se dirigiram para a localidade de Galgaduud, 40 mil para Mudug, aproximadamente 28 mil para Hiraan, e quase 26 mil para Bay, segundo o Acnur, cujas estimativas são feitas a partir de informações proporcionadas por uma rede de organizações humanitárias presentes na capital somali. O Acnur diz que acredita que, após uma reunião com o governo, será permitido que os deslocados tenham acesso às agências humanitárias, que até agora enfrentam graves problemas de insegurança e restrição de movimentos que impediram às missões de auxílio alcançar todos os que precisam de ajuda. "A maioria dos armazéns do Acnur e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) permanecem inacessíveis e a organização humanitária Care tem 1.371 toneladas de comida em Mogadiscio destinadas a 60 mil deslocados, mas não pôde levá-las devido à insegurança na capital", acrescenta o relatório. Mesmo assim, o Programa Mundial de Alimentos conseguiu levar 320 toneladas de comida de seu armazém em Mogadíscio a seis locais onde os refugiados estão concentrados, com o objetivo de alimentar 32 mil deles. No fim de semana passado, o Acnur conseguiu distribuir mosquiteiros, cobertores, utensílios de cozinha e vasilhas para água para 36 mil deslocados.

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