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Queda de helicóptero no Iraque matou 6, diz oficial dos EUA

Por Agencia Estado
Atualização:

Um helicóptero Black Hawk americano caiu hoje numa ilha do Rio Tigre e incendiou-se depois de ter sido aparentemente atingido por disparos da resistência iraquiana. Todos os seis soldados dos EUA a bordo morreram. Foi a terceira queda de helicópteros americanos em duas semanas, elevando para 32 o número de militares dos EUA mortos esta semana - os sete dias mais mortais para as forças de ocupação desde o fim dos grandes combates. Dois civis americanos trabalhando para o Exército dos EUA e um major polonês também morreram nos últimos dias. Na noite de hoje, tropas dos EUA fizeram disparos de morteiros ao redor da área onde caiu o helicóptero, numa aparente demonstração de força. Mas pelo menos três granadas de morteiro também foram disparadas contra o complexo dos EUA na região, sem causar danos. O Comando Central dos EUA afirmou que estavam sendo investigadas as causas do desastre, mas oficiais acreditavam que o helicóptero foi abatido por insurgentes. Dois outros americanos foram mortos em distintos ataques em Mossul, levantando preocupações de que a resistência está se espalhando pelo norte. Enquanto isso, a política dos EUA sofreu outro revés hoje, com a Turquia anunciando que decidiu não mais enviar tropas para o Iraque devido à forte oposição de políticos iraquianos. O helicóptero derrubado, da 101ª Divisão Aerotransportada, caiu por volta das 9h40 a cerca de um quilômetro do QG da 4ª Divisão de Infantaria dos EUA, num antigo palácio de Saddam Hussein. Depois da queda, helicópteros de combate promoveram rasantes durante todo o dia sobre Tikrit, cidade natal de Saddam Hussein, e vilas próximas, enquanto equipes de resgate apanhavam os destroços do aparelho. Em Mossul, 400 km ao norte de Bagdá, guerrilheiros atacaram pela manhã um comboio com granadas propelidas por foguete e armas leves. Um soldado dos EUA morreu e seis outros ficaram feridos. Outro soldado morreu na noite anterior em Mossul na explosão de uma bomba de fabricação caseira, disseram os militares. Três outros ficaram feridos na noite de sexta-feira quando uma bomba explodiu numa rua nas proximidades do Hotel Mossul, agora usado como dormitório dos militares dos EUA. Mossul, a terceira maior cidade iraquiana, era considerada relativamente tranqüila para as tropas americanas até que os ataques se intensificaram nas últimas três semanas. Oficiais dos EUA há muito expressavam preocupação com a segurança dos vôos, já que centenas, talvez milhares, de mísseis portáteis dos arsenais de Saddam desapareceram depois do colapso do regime em abril. Em 25 de outubro, insurgentes derrubaram um Black Hawk em Tikrit, ferindo um tripulante. No último domingo, guerrilheiros abateram um helicóptero de transporte Chinook a oeste de Bagdá, matando 16 americanos. Tratou-se do mais letal ataque contra as forças dos EUA desde o início da guerra, em 20 de março. Um helicóptero Apache foi derrubado em junho no oeste iraquiano, mas os dois tripulantes escaparam ilesos. Autoridades dos EUA esperavam encorajar mais países a enviar tropas ao Iraque para aliviar o fardo das forças americanas. O Parlamento da Turquia aprovou no mês passado o envio de tropas turcas, mas a idéia foi duramente rejeitada por políticos iraquianos. Entretanto, hoje o governo da Turquia anunciou que em vista da oposição encontrada, a decisão foi cancelada. O território onde hoje está o Iraque foi dominado pelos turcos otomanos por quatro séculos até o fim da Primeira Guerra Mundial. "Tínhamos dito desde o começo que de qualquer forma não estávamos muito ansiosos" para enviar as tropas, explicou o chanceler turco, Abdullah Gul. Em Bagdá, cerca de 500 muçulmanos sunitas promoveram um protesto na frente do QG dos EUA exigindo a libertação de 36 clérigos detidos nos últimos dois meses por terem criticado as forças de ocupação. Os manifestantes gritava "o Exército dos EUA será varrido" e "A América é inimiga de Deus". Eles também levavam uma grande faixa onde se lia: "Prisões... nunca nos amedrontarão". Uma delegação de três iraquianos entrou no QG e teve uma reunião de 45 minutos com oficiais dos EUA. O xeque Abdel-Sattar al-Janabi relatou posteriormente que os americanos fizeram uma exigência para libertar os clérigos. "Eles queriam que déssemos garantias de que a violência iria cessar. Falamos para eles que isto só acontecerá quando o último soldado americano tiver deixado o Iraque", afirmou.

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