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Quem é Juan Guaidó, o presidente interino da Venezuela

O engenheiro de 35 anos foi um dos fundadores do partido opositor Vontade Popular e participou dos protestos de 2007 contra Hugo Chávez; para analistas, ele agrada os venezuelanos por 'ser uma cara nova'

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Por Redação
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Há duas semanas, Juan Guaidó era uma figura quase desconhecida dentro e fora da Venezuela. Desde que assumiu o comando da Assembleia Nacional, em 6 de janeiro, ele se converteu na principal esperança da oposição para derrubar o chavismo e o regime de Nicolás Maduro.

O presidente do Parlamento venezuelano, Juan Guaidó (ao centro), cumprimenta simpatizantes em Caracas Foto: EFE/ Miguel Gutiérrez

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Aos 35 anos, Guaidó integra as fileiras do Partido Vontade Popular, fundado pelo político opositor atualmente preso Leopoldo López, desde 2007, quando ainda era apenas um movimento – a fundação do partido ocorreu em 2009. 

Sua estreia como líder da oposição e chefe da Assembleia Nacional neste mês chamou a atenção. O Parlamento da Venezuela é o último órgão estatal sob controle da oposição. As decisões do Parlamento, eleito em 2016, não são reconhecidas pelo governo chavista, que considera a Assembleia Constituinte, eleita em 2017 e chavista, o legislativo oficial.

Ao assumir, imediatamente ele alegou que Maduro não é um governante legítimo, o classificou de usurpador e disse que assumiria a presidência de maneira interina para convocar eleições. Sua decisão foi saudada pela Organização de Estados Americanos (OEA), países do Grupo de Lima e Estados Unidos. 

Quem é Juan Guaidó?

Guaidó nasceu em La Guaira, capital do estado de Vargas, em 1983. Um de oito filhos de um piloto comercial e de uma professora, cresceu num bairro de classe média e foi um dos milhares obrigados a sair de casa quando, em dezembro de 1999, após três dias de chuvas torrenciais, um enorme deslizamento de terras deixou milhares de mortos. Ele tinha 15 anos.

A casa da família ficou de pé, mas eles se mudaram para Caracas. Anos depois, Guaidó começou a estudar Engenharia na Universidade Católica Andrés Bello. Foi na universidade que entrou na política. Fez parte da Geração de 2007, o movimento estudantil que saiu para as ruas contra as políticas do então presidente Hugo Chávez, morto em 2013. Também fez estudos de pós-graduação em Administração Pública na Universidade George Washington, nos EUA, e no Instituto de Estudos Superiores de Administração, em Caracas.

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Foi nessa ocasião que se aproximou de Leopoldo López, considerado seu mentor. Segundo pessoas próximas a Guaidó relataram para o jornal El Universal, os dois se tornaram cada vez mais próximos a medida que o chavismo perseguia López. Quando ele foi preso, Guaidó se tornou um dos mais assíduos frequentadores da casa da mulher de Leopoldo López, Lilian Tintori. Seis anos depois, foi eleito deputado pelo estado de Vargas, ajudando a oposição reunida na Mesa de Unidade Democrática a conquistar a maioria que tem na Assembleia Nacional.

Uma semana depois de assumir a presidência da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó foi deitdo por forças policiais e liberado horas depois Foto: Carlos Garcia Rawlins/REUTERS

Para analistas ouvidos pela imprensa internacional, a aparição de Guaidó foi um golpe de sorte para a oposição. “Foi uma roleta russa, Guaidó era quem sobrava”, afirmou ao New York Times a analista política venezuelana Margarita López Maya. “É por ser uma cara nova, fresca, nascido das mobilizações estudantis e dos protestos nas ruas que ele agrada aos venezuelanos, porque existe um descontentamento com os velhos dirigentes e os líderes do passado”.

Para o diretor do Centro de Estudos Políticos e de Governo da Universidade Católica Andrés Bello, Benigno Alarcón, que foi professor de Guaidó, sua ambiguidade atrai as pessoas. “Ele é um insider, afinal é deputado e há muitos anos está envolvido com o Vontade Popular, mas tem características de outsider, por ser jovem, de uma geração distinta da maioria das lideranças políticas, e discurso que responde às expectativas das pessoas que querem alguém que assuma o desafio de enfrentar Maduro e não reconheça a sua presidência”, disse Alarcón ao jornal português Diário de Notícias./ NYT e AFP

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