PUBLICIDADE

Quem são os oligarcas russos, alvo de sanções; dono do Chelsea está entre eles

Últimas rodadas de sanções dos EUA e União Europeia miraram aliados próximos de Putin, além do próprio presidente russo

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

"Estamos unidos para encontrar e apreender seus iates, seus apartamentos de luxo, seus jatos particulares”, declarou o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, durante seu discurso ao Estado da União na última terça-feira, 1º. Ele se referia aos oligarcas russos alvo de várias rodadas de sanções ocidentais devido à invasão da Ucrânia pela Rússia.

PUBLICIDADE

A última rodada de medidas do Ocidente, a mais séria até então, atingiu o presidente russo Vladimir Putin, seu chanceler, Serguei Lavrov, o Banco Central russo e expulsou companhias do sistema de comunicação financeira Swift. Mas as primeiras miraram o círculo próximo de Putin, que inclui uma longa lista de magnatas. 

Mais bilionários ainda serão alvo de restrições, e o dono do Chelsea Football Club, Roman Abramovich, corre para vender seus ativos antes que seja um deles. Funcionários de alto-escalão do governo Biden estão se preparando para expandir drasticamente o número de oligarcas russos sujeitos a sanções, disseram fontes anônimas ao jornal americano The Washington Post. Espera-se que as sanções dos EUA sejam mais complicadas do que as impostas pela União Europeia, visando não apenas os indivíduos, mas também seus familiares e empresas que possuem.

Roman Abramovich, bilionário russo e atual dono do Chelsea Foto: REUTERS/Suzanne Plunkett

A lista de oligarcas já sancionados inclui desde um ex-genro de Vladimir Putin, a proprietários de grandes empresas russas ligadas a energia, armamento e transporte. Veja os nomes:

Kirill Shamalov

É o bilionário mais jovem da Rússia e já foi casado com a filha de Putin, Katarina. Ele estudou direito na Universidade Estadual de São Petersburgo e se tornou vice-presidente da empresa petroquímica russa Sibur aos 26 anos. 

Publicidade

É filho do acionista do Rossiya Bank, Nikolai Shamalov, amigo de longa data de Putin. O Rossiya Bank também é alvo das sanções ocidentais. 

Em 2014, quando os EUA divulgaram sanções a russos pela anexação da Crimeia, Shamalov comprou as participações na Sibur do bilionário Gennady Timchenko, um amigo de Putin que foi sancionado. Mais tarde, ele vendeu a maior parte de sua participação, mas ainda detém cerca de 4% da Sibur.

Shamalov está proibido de viajar para o Reino Unido e seus bens estão sendo congelados. Ele já foi alvo de sanções em 2018 pelos EUA.

Denis Bortnikov 

PUBLICIDADE

É vice-presidente do Banco VTB, o segundo maior da Rússia, e presidente do seu conselho administrativo. Filho de Aleksandr Bortnikov, diretor do Serviço Federal de Segurança (FSB). Ele teve seus ativos congelados nos EUA, Reino Unido e União Europeia.

Além da ligação com um dos maiores bancos russos, as sanções também parecem lhe atingir devido a seu pai, que já é sancionado pelos EUA. Ele é considerado um dos assessores mais leais do presidente Putin e é uma figura-chave em seu círculo íntimo.

Bortnikov pai e Putin ingressaram no que era a KGB em 1975. Putin saiu em 1991 para se dedicar à política, mas Bortnikov permaneceu e subiu na hierarquia.

Publicidade

Além disso, o FSB foi responsabilizado pelo envenenamento do ativista político Alexei Navalny em agosto de 2020 com um agente químico proibido do grupo Novichok.

Gennadi Timchenko

É o sexto oligarca mais rico da Rússia, com uma fortuna que ultrapassa os US$ 17 bilhões (R$ 87 bilhões), segundo a revista Forbes. 

Ele controla a empresa de investimentos privados Volga Group e tem investimentos nas áreas de energia, transporte e construção, incluindo na empresa de gás Novatek e na produtora petroquímica Sibur Holding. Também é um dos principais acionistas da Rossiya, um banco russo que também foi sancionado.

Timchenko está na lista de proibição de viagens e congelamento de ativos do Reino Unido. Mas já configura a lista de sanções dos EUA desde 2014 devido a seus laços estreitos com Putin. Ainda assim, ele continua presidente da liga nacional russa de hóquei KHL e é presidente do SKA Saint-Petersburg Hockey Club.

Refugiados da Ucrânia chegam à Romênia para escapar da invasão da Rússia - e evitar congestionamentos maciços na fronteira polonesa.Foto de Daniel MIHAILESCU/AFP 

Petr Fradkov 

Chefe do banco Promsvyazbank e filho de Mikhail Fradkov, ex-primeiro-ministro da Rússia e ex-diretor do Serviço de Inteligência Estrangeira (SVR)

Publicidade

Nesta nova rodada de sanções, Fradkov entrou na lista de congelamento de ativos e proibição de viagens do Reino Unido. Em fevereiro deste ano, o presidente Joe Biden assinou uma ordem executiva sancionando Fradkov por operar nos setores de defesa e materiais relacionados e serviços financeiros da economia da Rússia.

Boris Rotenberg e Igor Rotenberg 

Boris é co-proprietário da maior empresa de construção de gasodutos na Rússia, o SMP Group, juntamente com seu irmão mais velho, Arkady. Ele também está ligado à empresa de energia Gazprom. Sua fortuna ultrapassa os US$ 1,2 bilhão (R$ 6 bilhões), segundo a revista Forbes

Rotenberg é descrito como tendo um laço muito próximo com Putin desde a infância, quando treinavam judô juntos. Seu filho, Roman, foi recentemente nomeado treinador do principal time de hóquei no gelo SKA St Petersburg. Seu outro filho, também chamado Boris, jogou como zagueiro do clube de futebol Dínamo de Moscou de 2011 a 2016.

Boris foi sancionado pelo Reino Unido, mas está sob sanções dos Estados Unidos desde 2014, juntamente com seu irmão. Os EUA justificaram as sanções na época alegando que Putin havia concedido bilhões de dólares aos irmãos em contratos com a Gazprom e para as Olimpíadas de Sochi.

Já Igor é sobrinho de Boris e controla empresas de transporte, além de estar ligado à Gazprom. Sua fortuna também é estimada acima de US$ 1 bilhão. Ele também está banido de viajar e tem seus bens congelados no Reino Unido, mas não foi sancionado no passado pelos EUA como seu pai e tio. Pelo contrário, ele comprou parte dos ativos do pai após a sanção.

A lista ainda segue com Sergei Ivanov, um alto funcionário e político russo que serviu anteriormente na KGB, e seu filho, Sergei , executivo-chefe da empresa estatal russa de mineração Alrosa e membro do conselho do Gazprombank. Nikolai Patrushev, secretário do Conselho de Segurança da Rússia, seu filho Andrei, ex-chefe executivo da Gazprom Neft. O oligarca Igor Sechin e seu filho Ivan, vice-chefe de departamento da Rosneft. 

Publicidade

Também há Violetta e Lyubov Prigozhina, mãe e esposa de Yevgeni Prigozhin, que a UE diz ser responsável por enviar mercenários do Grupo Wagner para a Ucrânia. Além de executivos seniores de bancos estatais: Alexander Vediakhin (Sberbank), Andrei Puchkov e Yuri Soloviev (VTB), bem como a esposa de Soloviev, Galina Olegovna Uliutina.

Dono do Chelsea em risco

O bilionário e dono do Chelsea Football Club, Roman Abramovich, corre para vender seus ativos antes que seja alvo das futuras sanções. Ele é um apoiador do presidente Vladimir Putin e está “aterrorizado” de ser sancionado, segundo a imprensa britânica. 

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, tem sido criticado pela oposição por ainda não ter sancionado Abramovich nos pacotes anteriores. "Ele é uma pessoa de interesse do Ministério do Interior por causa de suas ligações com o Estado russo e sua associação pública com atividades e práticas corruptas", disse o líder trabalhista da oposição Keir Starmer no parlamento. 

"Na semana passada, o primeiro-ministro disse que Abramovich estaria enfrentando sanções. Mais tarde, ele corrigiu o registro para dizer que não. Bem, por que diabos ele não está?". Em resposta, Johnson disse que não poderia entrar em detalhes sobre casos específicos.

Abramovich, 55, que tem cidadania israelense, foi um dos empresários mais poderosos que ganhou fortunas fabulosas após o desmembramento da União Soviética em 1991. A Forbes colocou seu patrimônio líquido em US$ 13,3 bilhões (R$ 68 bilhões).

Além de ser dono de um dos clubes de futebol mais valiosos da Premier League britânica, ele detém um iate com heliporto e piscina que mantém ancorado na costa da Espanha, uma casa de US$ 200 milhões (R$ 1 bilhão) a poucos passos do Palácio de Kensington e outras propriedades espalhadas entre Colorado, o Caribe e sul da França.

Publicidade

No sábado, ele anunciou que colocaria o Chelsea sob a “administração e cuidado” da fundação de caridade da equipe. Nesta quarta-feira, sinalizou que poderia vendê-lo e já há interessados. O magnata suíço dos negócios Hansjoerg Wyss é supostamente um dos que considera a compra do clube

"Abramovich está atualmente tentando vender todas as suas vilas na Inglaterra", disse Wyss ao jornal suíço Blick. "Ele também quer se livrar do Chelsea rapidamente agora. Eu, juntamente com outras três pessoas, recebi uma oferta na terça-feira para comprar o Chelsea de Abramovich".

O legislador britânico Chris Bryant disse ao parlamento que Abramovich estava "aterrorizado" de ser sancionado e estava se movendo para vender seus ativos, acusando o governo de ser muito lento para agir./W.POST e REUTERS

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.