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Para ter sucesso, é preciso preservar combinação de boa educação, incentivo do governo e imigração qualificada

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Por É COLUNISTA , ESCRITOR , GANHADOR DO PRÊMIO PULITZER , THOMAS , FRIEDMAN , É COLUNISTA , ESCRITOR , GANHADOR DO PRÊMIO PULITZER , THOMAS e FRIEDMAN
Atualização:

Passei a semana passada viajando por dois dos maiores núcleos de inovação dos EUA - o Vale do Silício e Seattle - e a viagem deixou-me entusiasmado e também apavorado. O entusiasmo surgiu não com a quantidade surpreendente de inovações surgindo do nada, mas com o fato de ver que novos recursos estão surgindo e tornando mais fácil e barato do que nunca para um indivíduo publicar seu próprio livro, abrir sua própria companhia e ir em busca do seu próprio sonho. Jamais as pessoas estiveram tão capacitadas e esta é uma tendência que está apenas no seu início. Graças à computação em nuvem para as massas, qualquer um, em qualquer lugar, e mediante uma tarifa mínima por hora, poderá locar recursos de armazenamento e computação na "nuvem" da Amazon para testar qualquer algoritmo, abrir uma empresa ou publicar um livro.As empresas recém-abertas podem mesmo enviar todo seu inventário para a Amazon, que cuidará da execução e entrega dos pedidos. Isso está levando a uma explosão de novas empresas e vozes. As empresas que lideram esta tendência - Amazon, Facebook, Microsoft, Google, Apple, LinkedIn, Zynga e Twitter - estão todas sediadas e listadas em bolsas nos EUA. Então por que o pavor? Porque estamos deixando uma era que durou 50 anos durante a qual ser presidente, governador, prefeito ou um reitor de universidade, de um modo geral, significava oferecer coisas para as pessoas; e estamos entrando numa era em que ser presidente, governador, prefeito ou reitor, significará, no geral, tirar coisas das pessoas.E se não fizermos esta transição de uma maneira inteligente, dizendo "aqui estão as coisas que nos tornaram grandes, que deram nascimento a todas essas companhias dinâmicas" - e nos assegurarmos de que estamos preservando o máximo que pudermos dela, esta tendência não vai se difundir como deveria.O que precisamos preservar é a combinação mágica do ensino superior de vanguarda, a pesquisa financiada pelo governo e a imigração de pessoas ousadas com um alto QI. No conjunto, tudo isto constitui a galinha dos ovos de ouro dos EUA, botando todos esses ovos em Seattle e no Vale do Silício. No momento, a China desfruta de condições favoráveis - e o país só precisa fazer as tarefas que já inventamos, apenas mais barato. Os EUA têm de inventar novos empregos e isso requer preservar a galinha. A Microsoft realiza mais de 80% da sua pesquisa nos EUA. Mas está cada vez mais difícil sustentar este trabalho quando os impasses no Capitólio impedem a empresa de obter vistos suficientes para os trabalhadores capacitados que necessita e as universidades americanas não estão produzindo em número suficiente. O número de vagas preenchidas na Microsoft este ano aumentou de 40.000 para 40.500 em Seattle, mas a lista dos cargos não preenchidos aumentou de 4 para quase 5 mil. No final, a empresa não terá outra alternativa senão transferir seus centros de pesquisa para outros países. Há duas semanas, o Departamento do Trabalho informou que, mesmo com o alto índice de desemprego nos EUA, havia 3,74 milhões de vagas não cobertas em março. Isso, em parte, tem a ver com a falta de capacitação para a função. Numa tentativa para superar o problema e fechar essa brecha de financiamento no ensino superior no Estado de Washington, a Boeing e a Microsoft apoiaram financeiramente um projeto pelo qual o Estado, que tem reduzido o financiamento para as universidades estaduais e também não permite um aumento do valor das matrículas, permitirá que as faculdades gradativamente recrutem um número maior de estudantes. As duas grandes empresas contribuirão, cada uma, com US$ 25 milhões para bolsas de estudos para estudantes que queiram estudar ciência e tecnologia ou assistência médica, para desta maneira conseguirem os funcionários que precisam. Isso não significa que devemos ignorar as difíceis decisões que precisamos tomar em termos de orçamento.Mas a educação, a imigração e a pesquisa têm de ter seu lugar apropriado na discussão. "Capacitar os indivíduos e não investir como se deve no coletivo é o nosso maior perigo como sociedade", diz Craig Charney, presidente da Charney Research. E é isso. Os investimentos em nossas instituições e em oportunidades coletivas são a única maneira de mitigar as terríveis desigualdades de renda que surgem num mundo em que os empregados do Facebook podem se tornar milionários da noite para o dia, ao passo que as universidades que os formaram cortam bilhões do seu orçamento da noite para o dia também.Como disse, as nações que não investem no futuro, não devem prosperar ao chegarem lá. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

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