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Querela entre Chirac e Blair dá vazão ao rancor inglês

Por Agencia Estado
Atualização:

Os jornais ingleses estão encantados. A ruidosa querela entre Jacques Chirac e Tony Blair, que marcou o último encontro europeu em Bruxelas, permitiu aos jornalistas ingleses falar de assuntos mais variados do que a princesa Diana e a caça à raposa. E eles se entregaram ao assunto. Encontraram ocasião perfeita para colocar para fora o ódio que todo britânico nutre contra a França desde a Guerra dos Cem Anos, na Idade Média. Como uma matilha alegre, todos os jornalistas ingleses se aproveitaram do incidente franco-britânico para atiçar ainda mais o "amigo" francês. Por exemplo, por ocasião de um recente encontro de países francófonos, em Beirute, no Líbano, falou-se francês. E, como havia um delegado do Hezbollah que também falava francês, o jornal inglês The Independent estabeleceu uma relação entre os franceses e os terroristas palestinos. O mesmo jornal anuncia ao mundo que a França está em decadência cultural avançada. "O império intelectual francês sobre as elites mundiais está acabado. A língua francesa bate em retirada." E que a performance econômica da França é "muito pobre". Por causa desse declínio acentuado, a França está de "péssimo humor" e se põe a brigar com os anglo-saxões. Os jornais britânicos de Rupert Murdoch denunciam a hostilidade de Chirac em relação à guerra de Bush contra o Iraque. O Daily Telegraph aconselha Bush: "Os americanos deveriam apresentar sua resolução sobre o Iraque à ONU o mais rápido possível. E a França que ouse se opor!". The Times é ainda mais obscuro: "A França não é mais uma grande potência e eles deveriam se perguntar se alguma vez, depois de 1870, foram mesmo uma. Um veto francês na ONU é uma possibilidade. Isso traduziria somente o absurdo exagero do verdadeiro pavor da França". O Financial Times centra foco na teimosia de Paris em manter as vantagens que a União Européia deu aos agricultores franceses. "O sucesso de Chirac - em Bruxelas - deve ser visto no contexto de uma França que perde rapidamente o domínio da Europa. Perfeitamente consciente de seu declínio, Paris recorreu à manobras lastimáveis e cínicas. O acordo de Bruxelas que preservou a política agrícola comum, da qual a França é a grande beneficiária, é também um meio de salvar a face".

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