Questões raciais e de gênero marcam encontro democrata que começa hoje

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Por Denise Chrispim Marin , CHARLOTTE e EUA
Atualização:

O Partido Democrata vai explorar a partir de hoje, em sua convenção nacional em Charlotte, uma carta até agora mantida na manga: a diversidade racial e de gênero de seus delegados e militantes. Com a iniciativa, o presidente Barack Obama pretende enfatizar mais uma diferença diante de seu rival republicano Mitt Romney. Além das contradições na área econômica, ambos os candidatos falam para bases eleitorais distintas.A massa de eleitores brancos, sobretudo de idosos, dominou a audiência da convenção republicana em Tampa, na semana passada. Ontem, antes mesmo do início da reunião democrata no Estado da Carolina do Norte, já se via a afluência de negros, latinos, brancos, árabes e asiáticos, organizados em frentes para o evento, assim como de mulheres e portadores de deficiência.Para o evento democrata, que formalizará a candidatura de Obama à reeleição, o partido escolheu um hispânico, o prefeito de Los Angeles, Antonio Villarraigosa, que ontem prometeu fazer desta a convenção "mais diversa, aberta e acessível" da história. Segundo os organizadores, a frente hispânica terá cerca de cem representantes a mais do que em 2008. A metade do total de 5.556 delegados do partido, neste ano, será de mulheres.A idade média dos delegados de ambos os partidos, em 2008, foi de 54 anos. Mas a representação dos jovens não chegou a crescer significativamente. Dos democratas, saiu de 3% e chegou a 7%. Dos republicanos, passou de 4% para 3%. Boa parte desse novo cenário diz respeito às mudanças na demografia dos EUA e explica por que Romney, apesar da débil situação econômica do país, não consegue se desvencilhar do embate e abrir vantagem nas pesquisas de opinião."Temos um país diferente. Se a eleição se desse com base na demografia de 1980, Romney teria dez pontos de vantagem", afirmou na semana passada o republicano Whit Ayres, presidente da empresa de pesquisas North Star.Alvos. Para o segundo discurso mais importante da convenção, depois do de Obama, foi escolhido o prefeito de San Antonio (Texas), Julian Castro. Aos 38 anos, formado pela mesma Escola de Direito de Harvard onde Obama formou-se, Castro é apontado como uma das maiores promessas do partido. Na plataforma democrata, a ser aprovada nesta semana, a diversidade será refletida especialmente na defesa de uma ampla reforma na lei de imigração. A mesma promessa, porém, fora feita por Obama em 2008.Pesquisa do American Enterprise Institute sobre a composição dos delegados dos dois partidos entre 1968 e 2008 mostrou que a participação de negros entre os democratas aumentou de 5% para 23%. No caso dos republicanos, saiu de 2% e chegou a 6%, em 2004. Mas voltou a baixar a 2% em 2008, quando Obama foi eleito. A presença democrata de mulheres foi de 13%, em 1968, para 49% na última eleição. Do lado republicano, saiu de 16%, passou a 37%, em 1988, e caiu para 32% em 2008.Apesar das adversidades para organizar a convenção em Charlotte - desde um escândalo sexual no partido à resistência dos sindicatos -, o prefeito da cidade, Anthony Foxx, defendeu que essa escolha é um sinal importante para o Sul dos EUA, vinculado nos últimos 40 anos ao Partido Republicano. Uma das promessas do partido para o futuro, Foxx, que é negro, vê a Carolina do Norte e a Virgínia como Estados-chave para a eleição. O eleitorado em ambos, porém, ainda está indefinido. "Aqui, Obama e Romney ainda estão empatados. Mas é (com os Estados do sul dos EUA) que o presidente pode vencer."

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