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Rabino do Reino Unido acusa Jeremy Corbyn de não combater antissemitismo

Para Ephraim Mirvis, líder trabalhista foi incapaz de impedir que 'veneno do antissemitismo criasse raízes'; político se defende e diz que seu partido defende igualdade e direitos humanos

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Por Redação
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LONDRES - O grande rabino do Reino Unido, Ephraim Mirvis, criticou duramente nesta terça-feira, 26, o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, por sua "incapacidade de impedir que o veneno do antissemitismo crie raízes", em um discurso em plena campanha para as eleições legislativas em 12 de dezembro.

"A maneira como a direção (do Partido Trabalhista) lida com o racismo anti-judeu é incompatível com os valores britânicos de que nos orgulhamos - os de dignidade e respeito por todos", escreveu o religioso em um artigo publicado no jornal The Times.

Ephraim Mirvis, grande rabino de Londres, afirmou que Jeremy Corbyn não combateu o antissemitismo dentro do Partido Trabalhista e é inapto para governar Foto: Chris Jackson / AFP

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"Um novo veneno - aprovado de cima - criou raízes no Partido Trabalhista", disse ele. "Quando 12 de dezembro chegar, peço a todos que votem de forma consciente. Não duvidem, a alma da nossa nação está em jogo", acrescentou, sugerindo que Corbyn é "inapto" para governar.

O líder trabalhista se apresentou nesta terça em Tottenham, no norte de Londres, um programa especial com uma série de medidas para fortalecer a luta contra a discriminação em caso de vitória nas eleições legislativas.

Corbyn, líder esquerdista do Partido Trabalhista desde 2015, é regularmente acusado de complacência em relação a comentários antissemitas de alguns membros de seu partido, o que fez com que muitos de seus deputados voltassem as costas à formação.

Há duas semanas, o jornal Jewish Chronicle, porta-voz da comunidade judaica britânica, lançou um apelo aos leitores para "atuar com seu voto contra o racismo" e não levar Corbyn ao poder.

O Líder trabalhista, Jeremy Corbyn, apresenta medidas para fortalecer a luta contra a discriminação Foto: REUTERS/Henry Nicholls

O líder trabalhista, defensor de longa data da causa palestina, finalmente reconheceu em agosto de 2018 que o partido enfrentava um "verdadeiro problema" de antissemitismo e que ele havia sido "muito lento" para impor sanções disciplinares em casos comprovados, alegando que sua prioridade era "restaurar a confiança" da comunidade judaica.

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Nesta terça, uma porta-voz do partido rebateu as acusações do grande rabino. "Jeremy Corbyn é um militante contra o antissemitismo e deixou claro que isso não tem lugar no nosso partido e na sociedade", afirmou.

Ela também contestou categoricamente a alegação de Ephraim Mirvis de que ainda havia milhares de acusações de antissemitismo não processadas dentro do partido.

Manifestante segura placa que acusa o trabalhista Jeremy Corbyn de ser racista Foto: ISABEL INFANTES / AFP

"O Trabalhista é o partido da igualdade e dos direitos Humanos", afirmou Corbyn antes de sua apresentação em Tottenham. Seu programa especial promete, entre outras coisas, obrigar que as empresas publiquem estatísticas sobre as diferenças de remuneração que afetam pessoas negras, asiáticas ou de minorias étnicas.

Atualmente, as empresas britânicas com mais de 250 funcionários devem fornecer esses dados apenas sobre homens e mulheres.

Se chegar ao poder, a oposição trabalhista promete criar "um conselho educativo independente para assegurar que o colonialismo, as injustiças ao longo da História e o papel do Império colonial britânico sejam ensinado corretamente no programa escolar".

O anúncio do programa contra a discriminação foi criticado pelo Partido Conservador. A formação do primeiro-ministro Boris Johnson é acusada, por sua vez, de islamofobia e recentemente suspendeu vários de seus membros acusados de declarações anti-muçulmanas. / AFP

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