Radicais sunitas ganham terreno em cidades do Iraque

Grupo ligado à Al-Qaeda com presença na guerra civil síria tomou prédios públicos em Faluja e Ramadi

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Por AE
Atualização:

Militantes radicais sunitas ligados à rede terrorista Al-Qaeda ganharam terreno ontem em Ramadi e continuaram controlando parte de Faluja, após mais um dia de combates entre os insurgentes e as forças de segurança do Iraque. Desde a retirada dos EUA do país, em 2011, essas cidades – na Província de Anbar – se tornaram os principais redutos do sunismo extremista, cujos seguidores se opõem ao governo do premiê xiita Nuri al-Maliki.

 

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Após o desmantelamento de um acampamento de protesto em Ramadi, na segunda-feira, em que sunitas se manifestavam há um ano contra o primeiro-ministro xiita, militantes do sunismo radical conquistaram posições na cidade, combatendo a polícia e ocupando prédios públicos. A insurgência se espalhou para Faluja, onde sunitas também tomaram controle de várias partes da cidade.

 

Vestidos de negro e ostentando bandeiras da Al-Qaeda, militantes do Estado Islâmico do Iraque e do Levante convocavam seus simpatizantes ontem para apoiar a luta em Faluja, por meio de alto-falantes das mesquitas. "Declaramos Faluja um Estado islâmico e os chamamos para estar ao nosso lado", disse um radical sunita durante um serviço religioso que o imã preferiu fazer fora da mesquita, para evitar os combates.

 

Policiais de trânsito e funcionários municipais civis voltaram ao trabalho ontem em Faluja, enquanto prédios públicos eram alvo de explosões.

Em Ramadi, sunitas das tribos locais – que fizeram um pacto com o governo xiita para combater os radicais – resistiram à tentativa de conquista dos insurgentes. "Não há maneira de permitir que a Al-Qaeda mantenha base em Anbar. A batalha é feroz e difícil, porque eles (os militantes) estão escondidos em áreas residenciais", disse um líder tribal. Ao menos 108 pessoas – 31 civis, 35 militantes e 42 membros de forças oficiais – morreram nos últimos dias nas duas cidades.

 

Faluja e Ramadi se tornaram redutos da insurgência após a invasão americana do Iraque, que derrubou Saddam Hussein, um sunita, em 2003. Dois anos após a retirada das últimas tropas americanas, em dezembro de 2011, as forças iraquianas lutam para lidar com insurgentes, estimulados pelo conflito na vizinha Síria, e o descontentamento da minoria sunita. A violência nesta semana reflete a redução no apoio de tribos sunitas ao governo central do Iraque dominado pelos xiitas. A cooperação dessas tribos é fundamental para primeiro-ministro Maliki no combate à expansão da Al-Qaeda no Iraque, mas muitos líderes sunitas tribais estão furiosos com a forma como as forças de segurança do governo tratam os sunitas. / AFP, NYT, REUTERS e DOW JONES 

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