Radicalismo fiscal de Romney é fruto da crise econômica

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Análise: Thomas B. Edsall / NYTA economia americana está exaurida. Essa é a hipótese oferecida por Robert J. Gordon, economista da Northwestern University. Suponhamos por um momento que ele esteja com a razão. As consequências políticas seriam enormes. Gordon argumenta que a expansão econômica que se seguiu a cada uma das três revoluções industriais - dos séculos 18, 19 e 20 - é cada vez menor e é seguida por um momento de retração. "Não há garantias de que esse crescimento continuará indefinidamente", diz. Os EUA enfrentam "ventos contrários" que poderão reduzir o crescimento anual do seu Produto Interno Bruto para a cifra anual irrisória de 0,2%. O primeiro deles é o encolhimento da força de trabalho. Além disso, os EUA também estão perdendo a vantagem competitiva de que por muito tempo gozaram com base na competência educacional de sua força de trabalho. Intelectualmente, as campanhas de Obama e Romney certamente estão conscientes da linha geral de pensamento por trás dessa análise. Para o presidente, o argumento de que os EUA estão ficando sem fôlego é politicamente intocável. No caso de Romney, algo muito diferente parece estar ocorrendo. Há duas constatações paralelas movendo o pensamento político na direita. A primeira é a crescente consciência da ameaça à coalizão conservadora à medida que seu eleitorado principal - eleitores brancos, e, particularmente, protestantes brancos casados - diminui como proporção do eleitorado. Da mesma forma, a classe política conservadora reconhece que os tempos idílicos de crescimento compartilhado, com os EUA liderando a economia mundial, podem ter terminado. Se os republicanos prevalecerem em seu duplo objetivo de cortar - ou mesmo eliminar - gastos sociais e manter ou baixar as alíquotas fiscais, eles terão conseguido obstruir a restauração dos programas de seguro social no futuro. O que realmente provoca a ferocidade com que a direita luta atualmente por políticas fiscais e de gastos públicos regressivas é uma visão profundamente pessimista de um futuro de tempos difíceis. Essa visão levou o Partido Republicano a adotar uma estratégia preventiva que antecipa o fim do crescimento e o surgimento de uma persistente austeridade - uma estratégia para garantir que o tamanho de sua fatia do bolo não diminua à medida que o bolo encolhe. Esse é o tema subjacente e mal explorado da eleição de 2012. / TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK

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