Rainha é pressionada a se desculpar por massacre indígena

Elizabeth II enfrenta polêmica em torno do 400º aniversário do assentamento dos primeiros colonos ingleses no Novo Mundo, diz tablóide The Sunday Times

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Por Agencia Estado
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A rainha Elizabeth II da Inglaterra está sendo fortemente pressionada para se desculpar pelos massacres de indígenas americanos cometidos pelos primeiros colonos britânicos na América do Norte. A informação é do jornal dominical The Sunday Times, que diz que a monarca, que visitará o estado da Virgínia (Estados Unidos) nesta semana, enfrentará uma grande polêmica em torno da forma como seria classificado o 400º aniversário do assentamento dos primeiros colonos ingleses no Novo Mundo. As autoridades da Virgínia proibiram que se fale em "celebração", já que preferem o termo "comemoração" por respeito aos sofrimentos dos indígenas americanos, atacados por esses colonos. "Os líderes e chefes de Estado têm a responsabilidade de dar o tom, e seria bom que a rainha expressasse seu pesar", destaca o legislador da Virgínia Donald McEachin, descendente de escravos. Fontes do Palácio de Buckingham afirmam que, na visita, Elizabeth II se encontrará com "americanos nativos e representantes da comunidade africana como reconhecimento por terem feito parte da história antiga da América". "Não se trata de olhar só para trás, mas de fazer um gesto que reconhece a diversidade da Virginia atual", disseram essas fontes ao jornal. De Richmond, a rainha e seu marido, o duque de Edimburgo, irão para Jamestown, colônia na qual o capitão inglês John Smith foi salvo pela intervenção de Pocahontas, filha de um chefe tribal indígena. Linwood Custalow, autor de True Story of Pocahontas: The Other Side of History (A Verdadeira História de Pocahontas: O Outro Lado da História) e descendente de chefes indígenas da tribo de Mattaponi, quer que a rainha peça desculpas, segundo a publicação britânica. Os indígenas "americanos deram boas-vindas aos colonizadores, mas estes os combateram", critica Custalow. Os primeiros 107 colonos britânicos chegaram em três pequenos navios às costas da América do Norte. Após um ano, as doenças e a fome haviam reduzido o número de indígenas a apenas 38. Segundo o historiador britânico Jim Horn, que ajudou a montar em Jamestown uma exposição sobre os moradores originais da América do Norte, inicialmente os britânicos faziam comércio com os índios, mas rapidamente recorreram à violência.

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