Rajoy tenta última cartada por coalizão

Em caso de novo fracasso, cresce hipótese de convocação de nova eleição – a terceira em um ano na Espanha

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Por Andrei Netto CORRESPONDENTE e PARIS
Atualização:

O primeiro-ministro em exercício da Espanha, Mariano Rajoy, faz hoje sua última tentativa de obter uma maioria de 176 votos no Parlamento, o mínimo necessário para lhe garantir a formação de um gabinete e o retorno aos plenos poderes. Uma eventual negativa do Legislativo deve obrigar o líder do Partido Popular (PP) a ceder a vez a Pedro Sánchez, chefe do Partido Socialista (PSOE), que em tese poderia tentar formar uma coalizão com a legenda de esquerda radical Podemos.

Mas a desconfiança mútua entre os dois maiores partidos de esquerda faz com que o resultado mais provável do voto de hoje no Parlamento seja, na prática, a convocação de novas eleições, que seriam realizadas em dezembro.

Premiê espanhol, Mariano Rajoy, defende a soberania popular e a unidade da nação Foto: REUTERS/Andrea Comas

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Isso ocorre porque Rajoy não conseguiu obter a maioria dos votos no Legislativo. Com uma bancada de 137 deputados, o PP firmou acordo com o partido de centro direita Ciudadanos, que lhes garantiu um total de 170 votos a favor da posse na quarta-feira, contra 180 contrários. Assim, faltam ao premiê seis votos. 

Na votação de hoje, Rajoy não precisa chegar aos 176 para receber a confiança do Parlamento e a autorização de formar o governo, mas ainda precisa ter mais votos que seus opositores, seja qual for o resultado. Mesmo assim a missão é difícil, diante da decisão dos dois maiores partidos de oposição, PSOE e Podemos, de votar contra a posse do premiê conservador. “O grupo socialista votará contra você”, reiterou Pedro Sánchez, nos debates no Parlamento.

Caso fracasse, o impasse político iniciado em dezembro entrará em nova fase, que pode resultar em nova eleição – a terceira em um ano. Isso deve ocorrer porque as perspectivas de uma aproximação entre Rajoy e Sánchez diminuíram nas últimas semanas, quando os dois líderes políticos trocaram farpas em público. 

Uma das últimas cartas do primeiro-ministro em exercício é apostar em uma crise política interna no PSOE, onde Sánchez é contestado por uma parte dos caciques, entre os quais Felipe González, que desejava uma aproximação entre os dois partidos.

Se o impasse perdurar, Rajoy deve anunciar a convocação de novas eleições, fixando a data para 25 de dezembro, dia de Natal.  

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