Ramos Horta assume Ministério da Defesa do Timor Leste

Horta diz que é o único que pode curar "as feridas entre as Forças Armadas e a sociedade"

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Por Agencia Estado
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O ministro do Exterior do Timor Leste e ganhador do Prêmio Nobel, José Ramos Horta, disse que assumirá as tarefas de segurança do país para tentar terminar com as divisões nas forças armadas que levaram o país a uma profunda crise. Trata-se de mais uma medida do presidente Xanana Gusmão para colocar fim no estancamento político que paralisou o governo durante semanas, e tentar assim manter marginalizado o primeiro ministro Mari Alkatiri que novamente rechaçou as pressões para que renuncie e insistiu que tem um forte apoio popular. Gusmão, o herói da luta pelo país para obter a independência da Indonésia, assumiu os poderes de segurança do governo na terça-feira, quando decretou estado de emergência, medida que lhe garante o controle do exército e da polícia do país. Os ministros de Defesa e Interior designados por Alkariti renunciaram formalmente na quinta-feira. Gusmão passará a Horta a função de ministro de Defesa, enquanto que o vice-ministro do Interior, Alcino Barris Araujo, será promovido a ministro. Nesta sexta-feira, Ramos Horta, que ganhou o Nobel da Paz em 1996 por defender durante anos a independência do Timor Leste, declarou que a sua primeira ação no novo cargo será restabelecer uma unidade no corpo de segurança nacional. "Sou o único que talvez possa curar as feridas das Forças Armadas, entre as Forças Armadas e a Polícia, entre as Forças Armadas e a sociedade, de todos os acontecimentos ocorridos", disse Horta. Ajuda aos refugiados Milhares de residentes fugiram por causa dos conflitos e foram refugiar-se em acampamentos e aos arredores de Dili, capital do Timor Leste, e estão cada vez mais desesperados para obter alimentos e outros tipos de ajuda. O Programa Mundial de Alimentos (PMA) anunciou nesta sexta-feira sua participação nos esforços internacionais para ajudar os deslocados com a distribuição de alimentos energéticos a 6 mil crianças e mulheres grávidas. O objetivo desta ajuda é "complementar as porções de emergência do governo", explicou o porta-voz da agência humanitária da ONU, Simon Pluess. Ele afirmou que os pacientes do Hospital Nacional de Dili, o maior da cidade, também começaram a receber esses alimentos reforçados, enquanto nos próximos dias se espera a chegada a outras regiões do país da população que escapou da capital. "O PMA e as autoridades concordaram em abastecer de víveres 30 mil pessoas que se encontram no interior do país e que foram afetadas pelos confrontos", explicou Pluess. No entanto, o porta-voz disse que este tipo de operação enfrenta dificuldades devido à insegurança, particularmente quando se trata de acomodar a carga nos caminhões, durante o transporte, assim como no momento de sua distribuição. Os graves distúrbios em Díli, que provocaram nos últimos dias o deslocamento de cerca de 100 mil pessoas e já deixou ao menos 27 mortos, segundo números da ONU, têm relação com a decisão do primeiro-ministro Mari Alkatiri de despedir 600 dos 1.400 soldados do Exército.

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