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Raúl impõe modelo militar na administração de estatais cubanas

Novo estilo de gestão entra em vigor hoje, numa tentativa de aumentar eficiência e combater corrupção

Por Afp e Efe
Atualização:

O presidente interino de Cuba, Raúl Castro, dará um novo passo para tentar recuperar a economia da ilha. As empresas cubanas começarão a adotar hoje um rigoroso código de conduta e um modelo de gestão com base na disciplina militar. Os objetivos são combater a corrupção e elevar a eficiência e produtividade das companhias cubanas, minadas por quase cinco décadas de socialismo na ilha. O novo código impõe sanções aos diretores e empregados que cometerem faltas como chegar tarde, não ir trabalhar ou ser negligente. "Todos os dirigentes devem cumprir a lei e, com seu exemplo, estabelecer um padrão de conduta a ser seguido pelos trabalhadores", diz o decreto. Os funcionários que não respeitarem as novas regras poderão ser rebaixados, afastados, despedidos ou sofrer repreensões públicas. Outro decreto estabelece punições para quem for irresponsável no uso de bens de estatais, numa tentativa de impedir o desvio de produtos para o mercado negro. Raúl está à frente do governo cubano desde julho de 2006, quando recebeu o poder provisoriamente de seu irmão mais velho, Fidel Castro, antes que este fosse submetido a uma cirurgia de emergência no intestino. Como Raúl era visto como mais pragmático que Fidel no que diz respeito à economia, a grande dúvida na época era se começaria a implementar uma série de reformas na ilha, seguindo o modelo da China. No discurso que marcou seu primeiro ano de poder, há pouco mais de um mês, Raúl pode ter começado a responder a essa questão. O presidente interino chegou a defender uma abertura de Cuba ao capital privado e ofereceu diálogo ao governo americano que sucederá ao do presidente George W. Bush. O Estado controla 90% da economia da ilha e problemas como a falta de investimentos e ausência de um sistema de bonificação para os funcionários eficientes levaram ao sucateamento de muitas empresas. Ainda ontem, o embaixador de Cuba na ONU, Juan Antonio Fernández Palacios, assegurou que o país está preparado para voltar a cooperar com a ONU na defesa dos direitos humanos.

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