A suspeita de fraude colocou em situação delicada a diplomacia brasileira que, antes mesmo de saber o resultado dos exames periciais de Paula Oliveira, deu declarações fortes e ameaçou levar o caso para o Alto Comissariado para Direitos Humanos da ONU. Ontem, a consulesa-geral do Brasil em Zurique, Vitória Clever, voltou atrás e disse que não tinha motivos para colocar em dúvida as constatações da polícia. "A Suíça foi acusada de racismo e agora vai até o final para dar uma resposta ao Brasil. É uma questão de honra para eles", afirmou. Cautelosa, ela aponta que, ao sair em defesa da brasileira, o Itamaraty apenas fez o que teria de ser feito. "Nossa política é atender aos cidadãos brasileiros e, de fato, houve um problema em relação à forma como a polícia nos tratou num primeiro momento", disse. Questionada se o Brasil terá de pedir desculpas, Vitória apenas respondeu: "Isso caberá a alta chefia". O chanceler Celso Amorim havia anunciado que poderia levar o caso à ONU e chamou o encarregado de negócios da Suíça em Brasília para dar explicações. Na quinta-feira, Amorim chegou a mencionar um possível caso de xenofobia. Na missão do Brasil em Genebra, o sentimento é de que uma eventual confirmação da farsa afetará as relações entre os países. "Poderemos ficar em uma posição bem desconfortável", disse um funcionário.