Rebeldes avançam para a capital do Haiti

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Por Agencia Estado
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Os rebeldes haitianos tomaram a cidade de Cap Haitien, o último bastião do governo no norte do Haiti, e comemoraram com disparos para o ar, enquanto uma multidão saqueava e incendiava edifícios. Os rebeldes disseram que sua força de cerca de 200 homens enfrentou pouca resistência, com excessão do aeroporto, onde, segundo afirmaram, oito pessoas morreram em combates com civis leais aos presidente Jean-Bertrand Aristide. "Hoje tomamos Cap-Haitien, amanhã tomaremos Porto Príncipe", declarou Lucien Estime, um jovem de 19 anos que se juntou à rebelião em seu povoado, San Rafael, ao sul de Cap Haitien. "Nossa missão é libertar o Haiti", acrescentou. Milhares de pessoas que gritavam "Abaixo Aristide" marcharam junto à caravana de oito veículos roubados onde estavam cerca de 40 rebeldes. Um suposto simpatizante de Aristide jazia morto na rua depois de receber um tiro no estômago. Um outro homem havia levado um tiro na cabeça. Durante os combates, um avião da companhia Tropical Airways foi roubado por seis homens armados. Aparentemente, seriam partidários de Aristide que forçaram o piloto a levá-los para Porto Príncipe. Os rebeldes também tomaram a delegacia de polícia e libertaram cerca de 250 presos. Os insurgentes tomaram a segunda cidade do país enquanto mediadores internacionais esperavam que os rebeldes aceitem um plano de paz que implica a permanência de Aristide na presidência até o fim de seu mandato, em 2006, mas com poderes reduzidos. Os rebeldes rejeitam a solução proposta pelos diplomatas ocidentais que visitaram o Haiti no sábado. O plano prevê a criação de um grupo de três pessoas que representariam Aristide, a oposição e a comunidade internacional encarregado de designar um conselho representativo da sociedade haitiana. Esse organismo participaria da nomeação de um novo primeiro-ministro - neutro e independente - e de um novo governo. "Se Aristide permanecer mais tempo no poder, maior será a catástrofe", disse o socialista Serge Gilles, um dos líderes da Plataforma, que reúne organizações da sociedade civil e partidos de oposição. Os rebeldes devem dar uma resposta definitiva sobre o plano até a noite de amanhã. Desde o início do mês, os distúrbios no Haiti deixaram mais de 60 mortos e estão levando o país à beira de um desastre humanitário.

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