Rebeldes chechenos lançam ofensiva contra tropas russas

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Por Agencia Estado
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A guerrilha separatista da república russa da Chechênia lançou hoje nas principais cidades chechenas sua maior contra-ofensiva este ano contra as forças federais. Os rebeldes derrubaram um helicóptero militar, matando 14 pessoas - entre as quais 2 generais e 8 coronéis -, atacaram vários edifícios administrativos e quartéis-militares em Gudermes, segunda cidade mais importante do território e atual sede do governo russo. Quase simultaneamente, eles desencadearam ofensivas em Grozny, a capital chechena, Argun e Nojay-Yurt. Um carro-bomba explodiu em um bloqueio militar russo em Argun e um comboio militar atacado em Grozny. O Ministério do Interior da Rússia calculou que cerca de 800 guerrilheiros participaram das operações, 200 deles somente em Gudermes. O helicóptero MI-8 foi abatido com foguetes terra-ar. Os dois generais mortos eram o subchefe do Departamento de Operações do Ministérios da Defesa, Anatoli Pozdniakov, e o outro, Pavel Varfolomeyev. O centro de informações dos separatistas anunciou que foram mortos pelo menos 50 representantes do governo central em Gudermes e 25 soldados em Grozny. No entanto, no fim do dia o comando militar russo reconheceu apenas a morte de dez pessoas e ferimentos em oito em Gudermes. Os dados sobre baixas divulgados pelos dois lados não são confiáveis. O presidente da Chechênia, Aslan Maskhadov - refugiado nas montanhas desde a ofensiva russa de 1999 -, disse em entrevista à Rádio Eco, de Moscou, que Gudermes está praticamente em poder dos destacamentos armados chechenos. As outras ações maciças dos rebeldes nos últimos meses concentravam-se em localidades nas montanhas, mas a operação de hoje deixou claro que as Forças Armadas russas não controlam totalmente as principais cidades e a planície em geral, como vêm reafirmando. As autoridades russas dizem que os separatistas recebem apoio do milionário saudita Osama bin Laden e vários militantes islâmicos de outros países lutam ao lado dos chechenos. Nos mais de dois anos de duração da Segunda Guerra da Chechênia, morreram entre 3.500 e 10 mil soldados (os dados oficiais não coincidem com os das famílias dos militares mortos) cerca de 15 mil rebelde e mais de 30 mil civis. O atual conflito foi iniciado com uma ofensiva russa em setembro de 1999, após uma série de atentados terroristas na Rússia, que Moscou atribuiu aos rebeldes, e a invasão do Daguestão por guerrilheiros islâmicos vindos da Chechênia. Os chechenos declararam independência em 1991, não reconhecida por Moscou. Entre 1994 e 1996, os separatistas travaram uma guerra com o governo federal e conseguiram expulsar as tropas russas do território.

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