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Rebeldes do leste tomam blindados de Kiev

Reação do Exército da Ucrânia à ocupação de cidades perto da fronteira com a Rússia, iniciada no começo da semana, sofre pesado revés

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Por Redação
Atualização:

SLAVIANSK, UCRÂNIA - A operação de Kiev para recuperar o controle de cidades no leste, iniciada há dois dias, sofreu um revés nesta quarta-feira, 16, quando insurgentes tomaram uma coluna de veículos blindados de transporte em Slaviansk. O ataque ocorreu na véspera da reunião dos representantes de Rússia, Ucrânia, EUA e União Europeia, em Genebra, na Suíça, para discutir uma saída diplomática para a crise.

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Ao mesmo tempo, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Anders Fogh Rasmussen, anunciou que fortalecerá a presença militar ao longo da região leste (mais informações nesta página). A Otan afirma que a Rússia mantém cerca de 40 mil soldados na fronteira com o leste da Ucrânia.

Militantes pró-Rússia guardam veículo blindado que tomaram em Slaviansk (Gleb Garanich/Reuters)

A agência Reuters afirmou nesta quarta que houve um aumento das atividades militares russas no local, com a movimentação de armas e equipamentos.

A ação dos insurgentes ocorreu quando os soldados ucranianos cruzavam as ruas de Slaviansk - cidade a cerca de 120 km da fronteira com a Rússia - em seis blindados. Os veículos, que tinham saído da cidade vizinha de Kramatorsk, foram cercados por moradores e cem homens armados, usando uniformes militares sem insígnia. Correspondentes do New York Times relataram que os soldados tentaram liberar o caminho atirando para o alto, mas a multidão não se dispersou.

Em seguida, eles desligaram os motores, subiram nos veículos e retiraram os pentes de munição dos rifles. "As pessoas se posicionaram em frente aos veículos porque elas não os queriam aqui", disse o morador Alexei Anikov, de 33 anos. De acordo com ele, a população apoia os insurgentes pró-Rússia e todos perceberam rapidamente que o Exército ucraniano não atiraria nas pessoas.

O segundo-tenente Oleksandr Popov afirmou que os soldados pertenciam à 25.ª divisão de paraquedistas da Ucrânia, com sede em Dnipropetrovsk. Ele afirmou que as ordens eram para atirar apenas se eles fossem alvejados.

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Depois de tomar os veículos, os insurgentes colocaram bandeiras russas e da República Popular de Donetsk e os conduziram até uma praça no centro, em frente à prefeitura, ocupada pelos rebeldes. "Rússia, Rússia!", gritavam alguns cidadãos.

Ao mesmo tempo, um caça ucraniano realizou durante vários minutos manobras acrobáticas sobre a praça, numa demonstração de força do governo. O Ministério da Defesa, em Kiev, informou, por meio de um comunicado, que o ministro, Mikhail Koval, viajou para Kramatorsk para tentar esclarecer a situação.

Em meio a uma intensa escalada retórica entre Moscou e Kiev, o incidente ressalta a persistência dos separatistas russos, apesar da ofensiva do governo contra eles. Desde o dia 6, prédios administrativos foram ocupados em dez cidades do leste ucraniano.

O governo provisório de Kiev tentou reassumir o controle sem violência, à espera da reunião de quinta-feira, em Genebra, quando os chanceleres da Rússia e da Ucrânia devem se encontrar pela primeira vez desde o agravamento da crise.

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Nesta quarta, a Casa Branca disse que o governo ucraniano tem respondido com "admirável contenção" às ações dos separatistas. Segundo o porta-voz, Jay Carney, o governo americano considerava apropriada a decisão de Kiev de agir para "restaurar a lei e a ordem", ao dar início à operação militar.

Em discordância, a Rússia afirmou que a escalada do conflito coloca a Ucrânia "à beira de uma guerra civil", de acordo com um comunicado do Kremlin.

Em um telefonema à chanceler alemã, Angela Merkel, na noite de quarta-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que o governo ucraniano embarcou em um "rumo inconstitucional" ao usar o Exército contra os rebeldes. / NYT e REUTERS

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