A Anistia Internacional pediu que o Conselho Nacional de Transição da Líbia (CNT) tome medidas para impedir a violação dos direitos humanos por parte das forças contrárias ao coronel Muamar Kadafi.
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Em seu último relatório, a entidade de defesa dos direitos humanos diz que, apesar de a maior parte das violações até agora ter sido cometida por parte das tropas leais ao líder deposto, os combatentes ligados ao CNT também estão envolvidos em casos de tortura e execuções.
No documento, a Anistia afirma que os abusos cometidos pelas tropas pró-Kadafi incluem ataques deliberados a civis, uma campanha ampla de desaparecimentos, detenção arbitrária e tortura - atrocidades que, segundo a entidade, poderiam ser consideradas crimes de guerra.
Da parte dos opositores do regime do coronel, o relatório denuncia o linchamento de africanos negros suspeitos de ser mercenários a favor de Kadafi, assassinatos por vingança e tortura de soldados inimigos capturados.
A Anistia afirma que ainda faltam informações mais completas sobre a situação na Líbia, mas pediu que a oposição a Khadafi contenha os abusos aos direitos humanos e combata a xenofobia e o racismo.
"O CNT está enfrentando a difícil tarefa de controlar combatentes da oposição e milícias responsáveis por graves abusos de direitos humanos, incluindo possíveis crimes de guerra, mas demonstrou relutância em fazer com que eles assumam a responsabilidade por seus atos", diz o relatório.
Mohammed al-Alagi, considerado ministro da Justiça do CNT, admite que as forças de oposição a Kadafi cometeram erros, mas diz que é errado descrever as suas ações dos como crimes de guerra.
Moderação
O líder do CNT, Mustafa Abdul Jalil, fez na segunda-feira na capital do país, Trípoli, seu primeiro discurso desde que o controle da cidade foi tomado das forças do coronel Muamar Kadafi, no fim de agosto.
Jalil disse que os novos líderes líbios não aceitarão qualquer "ideologia extremista" e que um Estado democrático moderno deverá ter uma participação ativa das mulheres.
De acordo com o correspondente da BBC em Trípoli Peter Biles, o líder do CNT afirmou que seu movimento é a favor de um Islã moderado, e que deverá seguir neste caminho.
Já Kadafi, por meio de uma mensagem lida em uma rede de TV líbia, fez mais um apelo a seus partidários para que continuem lutando e não se entreguem nas quatro cidades ainda sob seu controle no sul do país.
A mensagem afirma que a luta dos partidários do coronel é uma guerra para libertar a Líbia do "colonialismo ocidental".
O pronunciamento de Jalil foi feito na rebatizada Praça dos Mártires - local onde Kadafi discursava durante seu regime.
O discurso foi transmitido ao vivo pela televisão. Biles afirma que, ao fim do pronunciamento, a multidão reunida na Praça dos Mártires explodiu em aplausos e gritos, empunhando bandeiras, enquanto fogos de artifício eram acionados na área portuária da capital.
O CNT prometeu a formação de um governo de transição na Líbia dentro de dez dias. No entanto, segundo o correspondente da BBC, ainda existem grandes desafios para estabilizar o país - o principal dele sendo os bolsões de resistência favoráveis a Khadafi no sul do país.
Bani Walid
O correspondente da BBC Richard Galpin, que está em Bani Walid, no sul, afirma que a batalha por esta cidade e por Sirte, local de nascimento do coronel, estão sendo muito mais difíceis do que previam as forças leais ao CNT.
Segundo o repórter, os combates em Bani Walid foram interrompidos nesta segunda-feira. Um comandante disse à BBC estar esperando que os aviões de guerra da Otan continuem seus bombardeios contra o armamento pesado usado pelas tropas pró-Kadafi dentro da cidade.
O comandante, de acordo com Galpin, disse que a cidade deve cair rapidamente, assim que os aviões da Otan retomem os bombardeios, e que as forças contrárias a Kadafi já controlam o noroeste de Bani Walid.
O correspondente da BBC diz que a ofensiva na cidade parece ter sido caótica, com uma quantidade insuficiente de homens, muitos deles inexperientes em combates.
De acordo com Galpin, famílias que deixam a cidade afirmam que Bani Walid enfrenta a falta de comida, enquanto as ruas da cidade estão desertas e as lojas, fechadas.
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