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O importante, porém, é que Tarhouni, de 60 anos, é uma das poucas autoridades rebeldes que falam abertamente sobre as deficiências do movimento, após semanas de previsões otimistas feitas por alguns companheiros. "O processo foi e é muito caótico", disse. Nos anos 70, quando era ativista estudantil, ele foi expulso da faculdade na Líbia por defender a democracia. Tarhouni deixou o país em 1983, perdeu sua cidadania e sentenciado à morte. No exílio, continuou sendo adversário de Kadafi. "Para minha vergonha, larguei meus alunos e voltei para cá no meio do trimestre. Mas todos entenderam a razão." O movimento rebelde para o qual ele voltou tinha problemas de coesão e fez anúncios confusos sobre seus líderes e sua função. "Havia um vácuo total e isto se refletiu na formação do conselho. Nós o limparemos, eu prometo." Esta semana, os rebeldes anunciaram - e depois desmentiram - um governo liderado por Mahmoud Jibril, especialista em planejamento. Tarhouni, ministro das Finanças, disse que dinheiro não é problema no momento, já que eles têm acesso aos bancos de Benghazi e de outras cidades tomadas. Há ainda a promessa da Grã-Bretanha de enviar US$ 1 bilhão em efetivo para Kadafi, que ainda não foi entregue. Tarhouni pertence a uma lista de políticos que os líbios estão conhecendo pela primeira vez. O clamor para formar um novo governo, porém, parece prematuro antes da derrota de Kadafi. Tarhouni reconhece o problema, dizendo que sem artilharia pesada e aviões, os rebeldes dependem de jovens que, no início, enfrentavam o Exército com pedras. "Agora eles carregam armas", disse. / TRADUÇÃO CELSO M. PACIORNIK É JORNALISTA DO "NEW YORK TIMES"