20 de março de 2011 | 11h19
Rebeldes comemoram captura de tanque em Benghazi. Anja Niedringhaus/AP
Atualizada às 15h52
BENGHAZI - As tropas rebeldes avançaram neste domingo, 20, rumo ao oeste da cidade de Benghazi após os bombardeios de caças franceses terem atingido ontem tanques e veículos militares leais ao ditador líbio, Muamar Kadafi, que cercavam a cidade. Membros das Lejan Thowri - as "legiões revolucionárias" de Kadafi - e os combatentes rebeldes continuam a se enfrentar em Benghazi. Há estrondos pela cidade, aparentemente de mísseis disparados pela coalizão formada por EUA, França, Reino Unido, Itália e Canadá.
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Os dissidentes buscam células adormecidas leais a Kadafi, que semearam o pânico ontem na cidade disparando fuzis e jogando granadas aleatoriamente. Os rebeldes não estão fazendo prisioneiros. Estão executando-os. Na Corte de Justiça, quartel-general dos rebeldes, foi afixada uma lista com os nomes dos 7.200 integrantes. Agora estão sendo caçados na cidade e executados.
A tragédia da guerra
Nos dois maiores hospitais de Benghazi, Jalal e Hawari, as histórias da guerra são terríveis. Uma ambulância do Hawari foi chamada. Quando chegou, foi atacada. Era uma emboscada. Um auxiliar da ambulância estava sendo operado para a retirada da bala de fuzil do peito. Outra ambulância foi sequestrada e usada por membros das kataeb - as brigadas de Kadafi - que abriam fogo aleatoriamente.
Um menino de cinco anos e sua mãe, que foram alvejados a tiros de fuzil por membros das kataebi quando saíam de casa para tentar fugir de Benghazi, também estavam sendo atendidos no hospital. O pai morreu ontem. A mãe levou um tiro na cabeça e não deve resistir, mas respirava. O menino sofreu um tiro no peito, mas vai resistir. Gemia de dor.
No Hospital Jalal chegaram os corpos de 15 combatentes pró-Kadafi - e partes de outros impossíveis de contar -, atingidos por mísseis disparados por aviões franceses. Pelo menos 7 deles eram negros subsaarianos. É mais uma confirmação do uso de mercenários africanos por Kadafi.
Resolução da ONU
Uma coalizão formada por EUA, França, Reino Unido, Itália e Canadá deu início no sábado, 19, a uma intervenção militar no país, sob mandado da resolução 1973 do Conselho de Segurança das Nações Unidas. A medida prevê a criação de uma zona de exclusão aérea na Líbia e a tomada de 'quaisquer medidas necessárias' para impedir o massacre de civis pelas tropas de Kadafi.
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