Rebeldes sírios atacam Damasco e violência se espalha pela capital

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Por DAMASCO
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Damasco foi palco ontem dos mais violentos confrontos entre rebeldes e tropas leais ao ditador Bashar Assad desde o início dos protestos pró-democracia, no ano passado, afirmou a oposição síria. Ainda um reduto leal ao regime alauita, a capital tem testemunhado o avanço do Exército Livre da Síria (ELS) em seus subúrbios, de maioria sunita. Em todo o país, o número de mortes em confrontos ao longo do fim de semana chegou a 140. Uma bomba explodiu ontem em um ônibus que transportava tropas leais a Assad na capital síria no bairro de Midan. Ao menos um soldado teria morrido na explosão, segundo dissidentes. Moradores da região disseram ter ouvido uma forte explosão, seguida do barulho de sirenes de ambulância. O Exército também atacou posições do ELS na periferia de Damasco. "O Exército lançou tiros de morteiro contra diversos bairros onde se encontram combatentes rebeldes", disse o diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos, Rami Abdel Rahmane. "Os combates em Damasco nunca tiveram essa intensidade." Segundo ele, os confrontos mais violentos ocorreram nos bairros de Tadamone, Kafar Soussé, Nahr Aicha, Sidi Qadad e Al-Kaddad. As forças de segurança de Assad tentavam, até a noite de ontem, retomar o controle dessas regiões. Moradores da capital relataram ter visto grandes colunas de fumaça sobre Tadamone e ouvido fortes explosões em Nahr Aicha.Em outras áreas do país, como Homs e Hama houve enfrentamentos entre tropas do governo e dissidentes. Segundo a oposição, forças de Assad bombardearam áreas dominadas por rebeldes em várias partes do país. Ao menos 25 pessoas morreram ontem e 115, no sábado. Civis estariam fugindo para abrigos antibombas para se protegerem. Tramseh. O governo da Síria negou ontem a acusação da equipe de monitores da ONU de que teria usado armas pesadas em um ataque ao vilarejo sunita de Tramseh, nos arredores de Hama. No sábado, uma equipe de observadores visitou o local, onde a oposição denunciara o massacre de 220 civis. Em comunicado, a entidade afirmou que o principal alvo do ataque eram rebeldes, desertores e suas casas, mas acusou o governo de usar armamento pesado no ataque, o que viola o acordo firmado entre Assad e o enviado da ONU para a Síria, Kofi Annan. Segundo o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da Síria, Jihad Makdissi, não houve massacre em Tramseh, mas uma operação militar que tinha como alvo combatentes armados que haviam tomado o controle da vila. "Qualquer pessoa que pegar em armas contra o Estado entrará em confronto com o Exército", disse. "Não houve ataque a civis e o que tem sido dito sobre o uso de armas pesadas não tem fundamento."Diplomacia. O governo do Irã propôs ontem intermediar as negociações entre oposição e governo sírio. O chanceler Ali Akbar Salehi prometeu receber os dissidentes para discutir a implementação do plano de transição proposto pela ONU. "O Irã está pronto para intermediar. Esperamos que esse conflito seja resolvido sem a interferência de potências estrangeiras." / REUTERS

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