Rebelião em base militar adia posse de gabinete na Venezuela

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

A posse do novo gabinete venezuelano foi adiada, neste sábado, depois que surgiram notícias de que pelo menos uma base militar se havia rebelado. Militares da base da cidade central de Maracay, onde estão estacionados os aviões F-16, se rebelaram e não reconhecem o novo governo, disse à Associated Press um alto oficial no palácio presidencial, que pediu para não ser identificado. Dois dos militares rebelados foram identificados como o general Raúl Baduel e outro oficial de sobrenome Torres Finol, pertencentes à Força Aérea. Finol é o comandante da base "Libertador", em Maracay, e das operações da Força Aérea na região, tendo sob seu comando a unidade dos caças F-16. Em Caracas, o palácio presidencial foi isolado por militares que apóiam o recém-instalado governo de Pedro Carmona. O reforço da segurança foi ordenado devido a violentos protestos em áreas próximas ao Palácio do Governo, no centro da capital. Pelo menos 2.000 pessoas caminhavam em direção à sede do governo gritando slogans contra o governo de Carmona e exigindo a volta do deposto presidente Hugo Chávez. Distúrbios também foram registrados em outros pontos do centro da capital e em outras cidades. "Queremos ver Chávez", disse Maria Brito, 36 anos, carregando um retrato do ex-mandatário, em meio a uma multidão no bairro de La Candelaria. "Nós, o povo venezuelano, não estamos contentes e não engolimos que Chávez renunciou", acrescentou Maria, que denunciou que foram forçados a deixar os arredores do Forte Tiuna, sede do Ministério da Defesa, onde Chávez estava detido desde a madrugada de sexta-feira. Notícias davam conta de que ele havia sido transferido para local ignorado. Agentes da Guarda Nacional dispersaram os civis na frente do forte disparando balas de borracha, disse Maria. "Queremos democracia, não ditadura", gritavam dezenas de pessoas no centro de Caracas, exigindo que as novas autoridades mostrem Chávez. De prédios próximos ao Palácio do Governo era possível ver bandeiras da Venezuela sendo agitadas, e ouvir o bater de panelas, enquanto os comerciantes fechavam suas lojas. O ex-presidente da Assembléia Nacional, Willian Lara, partidário de Chávez, denunciou que "todas as normas legais foram violadas, os poderes públicos dissolvidos e neste momento não existe respeito a nenhuma garantia fundamental". Em entrevista por telefone, Lara acrescentou que a polícia está promovendo buscas em casas sem ordem judicial, "prendendo dezenas de pessoas sem acusações, deixando-as incomunicáveis, sem que possam, como o presidente Chávez, ser visitadas por familiares ou seus advogados". Para saber mais sobre a Venezuela e os recentes acontecimentos que desencadearam a crise política no país acesse o especial Grandes Acontecimentos Internacionais: Venezuela

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.