Rebelião islâmica se expande e causa 80 mortes na Nigéria

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Por Ibrahim Mshelizza

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MAIDUGURI, Nigéria (África) - Rebeldes islâmicos ampliaram na segunda-feira seus ataques contra forças de segurança para três Estados do norte da Nigéria, onde houve 80 mortos em dois dias de confrontos, segundo fontes oficiais.

Houve tiroteios nos Estados de Yobe, Kano e Borno entre policiais e integrantes de um grupo que deseja a adoção mais ampla da lei islâmica em toda a Nigéria.

Os ataques acontecem um dia depois de mais de 50 pessoas morrerem no vizinho Estado de Bauchi. Esses episódios não têm relação com os distúrbios no delta do Níger, região petrolífera do sul da Nigéria.

Os quatro Estados do norte do país estão entre os 12 dos 36 Estados nigerianos que passaram a seguir e modo mais estrito a sharia (lei islâmica). A decisão marginalizou as importantes minorias cristãs e provocou incidentes sectários com milhares de mortos.

O governo estima que 55 pessoas tenham sido mortas nos conflitos, mas as forças de segurança e os moradores dizem que a cifra é muito mais elevada.

"Cinco policiais foram mortos, 50 (militantes) morreram, e uma delegacia foi incendiada", disse a jornalistas em Abuja (capital) o inspetor-geral de polícia da Nigéria, Ogbonna Onovo.

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"Estão lá agora em Maiduguri enfrentando a polícia. Enviamos reforços para lá", acrescentou.

Um dirigente do grupo rebelde Boko Haram, contrário à educação ocidental e que exige a adoção da sharia em toda a Nigéria, ameaçou realizar novos ataques.

"Não acreditamos na educação ocidental. Ela corrompe nossas ideias e crenças. Por isso estamos nos erguendo para defender a nossa religião", disse Abdulmuni Ibrahim Mohammed à Reuters depois de ser detido no Estado de Kano. "Mesmo que eu seja preso, há outros aí para fazer o trabalho."

O país mais populoso da África está dividido em partes praticamente iguais entre cristãos e muçulmanos. Mais de 200 grupos étnicos convivem nesse país, em geral pacificamente, embora uma guerra civil tenha deixado 1 milhão de mortos entre 1967 e 1970. Há surtos de violência religiosa desde então.

(Reportagem adicional de Mike Oboh em Kano; Ardo Hazzad em Bauchi, Felix Onuah e Camillus Eboh em Abuja)

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