MOCOA, COLÔMBIA - A reconstrução de Mocoa, cidade no sul da Colômbia devastada por um grave deslizamento e inundações, pode levar até três anos, admitiu na segunda-feira 3 o ministro da Defesa colombiano, Luis Carlos Villegas.
"Já começou, mas não é um trabalho que tome semanas ou meses. Vamos estar aqui por pelo menos dois anos e meio ou três, inclusive o próximo governo precisará fazer coisas", disse Villegas. O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, o nomeou na segunda como gerente da reconstrução de Mocoa.
O deslizamento, que assolou o país até meia-noite da sexta-feira 31 depois de três rios transbodarem e cobrirem a cidade de lama, pedras e troncos, causou a morte de 273 pessoas até o momento, entre elas 43 crianças.
Santos lembrou que Villegas "liderou com êxito" a reconstrução do eixo cafeeiro, na região central do país, afetado por um terremoto em 1999. O trabalho foi tido como exemplar por organismos como o Banco Mundial, que o adotou como padrão de gestão para aplicar em zonas abaladas por terremotos.
A Colômbia declarou na segunda-feira emergência econômica, social e ecológica depois do ocorrido em Mocoa. A medida agiliza o resgate das vítimas e a reconstrução da região ao permitir que se realizem contratações de maneira direta e evitar os procesoss tradicionais que demoram até três meses.
Diferentemente da tragédia de 1999, Villegas considera que a institucionalidade melhorou. "Em apenas 70 horas da tragédia, avançamos muitíssimo com albergues e saúde pública, e está perto a solução de serviços públicos como eletricidade e água", explicou.
Enterro. Dezenas de corpos em decomposição foram liberados para serem enterrados na segunda-feira enquanto continuam as buscas por vítimas das inundações e deslizamentos em Mocoa.
Parentes desesperados faziam filas ao longo de quarteirões à procura de um necrotério para as vítimas, que morreram quando vários rios transbordaram nas primeiras horas de sábado, espalhando água, lama e destroços pelas ruas e pelas casas enquanto as pessoas ainda dormiam.
Corpos embrulhados em lençóis brancos jaziam no chão de concreto do necrotério. As autoridades se esforçam para enterrá-los o mais rápido possível para evitar a disseminação de doenças.
Além disso, o governo iniciou uma campanha de vacinação. Os desabrigados, incluindo milhares de menores de idade, recebem ajuda alimentar e de higiene, assim como assistência psicológica e refúgio em cinco abrigos. / AFP e REUTERS