24 de agosto de 2010 | 10h26
SUKKUR - O Paquistão pode levar anos para se recuperar das enchentes das últimas semanas, disse nesta terça-feira, 24, o presidente Asif Ali Zardari, enquanto o governo começou negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para redirecionar o pacote financeiro de ajuda ao país.
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Um funcionário da província de Sindh disse na terça-feira que cerca de 600 mil pessoas estão ameaçadas pelo avanço das águas no sul, quase um mês depois do início da calamidade, que afetou um terço do país e deixou cerca de 4 milhões de desabrigados.
"Estamos fortalecendo os diques, mas de 500 mil a 600 mil pessoas vivendo em áreas baixas ainda estão em perigo. Estamos tentando convencê-las a deixar suas áreas", disse o ministro de Irrigação de Sindh, Jam Saifullah Dherjo.
As vítimas das inundações estão revoltadas com o que consideram ter sido uma reação ineficaz do governo à catástrofe que destruiu aldeias, estradas, plantações e empresas.
Membros do governo paquistanês já manifestaram a preocupação com que grupos militantes islâmicos tentem, por meio de atividades beneficentes, recrutar pessoas para a sua causa.
"Sempre vejo essas organizações e essas pessoas tirando vantagem desta crise humana", disse Zardari em entrevista publicada na terça-feira pelo jornal britânico Independent. "É um desafio não deixar que tirem vantagem desta crise humana."
O presidente se defendeu das críticas que sofreu por ter mantido a agenda de uma viagem que fazia à Europa nos primeiros dias da catástrofe. "Eu tinha minhas razões para estar onde eu estava e no momento (em que estava)", afirmou. Segundo Zardari, o Paquistão levará "no mínimo três anos" para se recuperar.
Massod Ahmed, diretor do Departamento de Oriente Médio e Ásia Central do FMI, disse à Reuters que, embora as inundações ainda não tenham acabado, já ficou claro que elas terão um "impacto grande e duradouro" sobre a economia, que antes mesmo das enchentes já estava em má situação.
A agricultura é um dos pilares da economia paquistanesa. Pelo menos 3,2 milhões de hectares de lavouras -- quase 14% das terras cultivadas -- sofreram danos ou ficaram destruídos, segundo a ONU. No noroeste do país, 71% dos arrozais foram destruídos.
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