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Recursos estão quase esgotados na basílica de Belém

Por Agencia Estado
Atualização:

As esperanças vão se esgotando na Basílica da Natividade em Belém, onde quase 300 pessoas, entre religiosos e palestinos, estão isoladas pelo Exército israelense há 18 dias, decidido a obter a rendição de supostos "terroristas". "Não se renderão jamais, pelo menos sob estas condições", disse à Ansa o chefe da delegação palestina, Salah Ta´mari, da comissão mista para as negociações que nem sequer começaram. "Estão todos no limite de suas forças?, disse Ta´mari, deputado do Parlamento palestino, ?mas em determinados momentos a vontade é mais tenaz do que tudo, incluindo a fome." A comissão - cinco palestinos, entre eles dois cristãos, e militares israelenses - nunca teve oportunidade de reunir-se. Os contatos, todos indiretos, continuam sendo feitos por telefone, mas até agora ninguém discutiu frente a frente de que modo resolver a mais dramática situação já vivida dentro da milenar igreja de Cristo. "É preciso um pouco de boa vontade de ambas as partes, disse o padre Abdel, da irmandade que é guardiã da Terra Santa em Jerusalém. Por trás da Porta da Humildade da basílica, na obscuridade da igreja, os cerca de 245 palestinos sobrevivem graças aos sacerdotes franciscanos, que compartilham com eles as quase esgotadas rações de arroz e de água. A fome está debilitando a determinação das pessoas. Há dias, um jovem escapou e outro foi ferido quando tentava recolher legumes. A sujeira e o odor são insuportáveis: há no interior da igreja dois cadáveres em estado de decomposição de dois palestinos atingidos pelas armas de dois franco-atiradores israelenses. Os dois são muçulmanos e não podem ser sepultados em terra cristã. "Os mortos estão sendo usados como instrumentos de pressão pelos israelenses", disse Ta´mari. Israel insiste em que o único obstáculo às negociações é o presidente da Autoridade Palestina, Yasser Arafat. "Não temos objeções à presença de terceiros", disse Gadi Golan, diretor do escritório de assuntos religiosos do governo israelense. Enquanto isso, os sitiados se preparam para outras noites de insônia, em que escutarão explosões ensurdecedoras de granadas, disparos e ruídos transmitidos por megafones e verão os raios luminosos que mostram o perfil de cartão postal da basílica.

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