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Rede terrorista tramou atentado em Manchester; 8 suspeitos são detidos

Salman Abedi, de 22 anos, esteve na Líbia e possivelmente na Síria semanas antes do ataque; os dois países têm presença do Estado Islâmico, grupo que reivindicou autoria de ataque

Por Andrei Netto , Correspondente e Paris
Atualização:

O terrorista suicida que matou 22 e feriu 59 em Manchester na segunda-feira, em um show voltado a crianças e adolescentes, contou com uma célula jihadista em atividade no Reino Unido. A investigação apontou que Salman Ramadan Abedi, britânico de origem líbia de 22 anos, não só recebeu auxílio, mas também esteve na Líbia e talvez na Síria semanas antes do ataque, cuja autoria foi reivindicada pelo Estado Islâmico (EI). 

A revelação de que uma rede terrorista está por trás do atentado veio do chefe de polícia de Manchester, Ian Hopkins. “Creio que esteja muito claro que se trata de uma rede que estamos investigando”, afirmou o oficial. Investigadores britânicos também estariam estudando a possibilidade de essa célula ter ligação com os atentados em Paris e em Bruxelas, disseram fontes ligadas à investigação.

22 pessoas perderam a vida depois de um atentado no show de Ariana Grande 

Até a noite desta quarta-feira, sete pessoas estavam detidas no Reino Unido. Um dos irmãos de Salman, Hashem Abedi, de 20 anos, foi preso em Trípoli, na Líbia. A polícia e os serviços secretos britânicos e europeus buscam detalhes da trajetória de Salman na Líbia, país de seus pais, e eventualmente na Síria, por onde o terrorista suicida teria passado. O irmão de Salman teria contato com o EI, segundo a milícia líbia que o deteve.

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Outra questão em aberto é como o assassino teve acesso à bomba usada no ataque, ou à matéria-prima para sua fabricação. Para produzi-la, Salman teria tido a colaboração direta de membros da célula terrorista, suspeitam as autoridades.

Parte das investigações se concentra nas atividades do terrorista na Líbia. Durante três semanas, o jovem esteve no país situado no Norte da África, onde tem parentes. Seu retorno a Manchester ocorreu poucos dias antes do ataque, de acordo com informações dos serviços secretos americanos na região. Em Paris, o ministro do Interior da França, Gérard Collomb, revelou ainda que o jovem pode ter tido uma passagem pela Síria, nas hostes do EI.

As novas informações sobre o atentado acentuaram as críticas às autoridades britânicas, que conheciam o perfil de Salman, mas o perderam de vista. Uma pista investigada é a de que o terrorista tenha viajado do Reino Unido em direção à Tunísia, país vizinho da Líbia, para onde teria ingressado por fronteira terrestre. Esse trajeto explicaria por que as autoridades não souberam da viagem antes do atentado. 

A Líbia é um país monitorado por serviços secretos europeus e americanos porque duas organizações terroristas, o Estado Islâmico e a Al-Qaeda do Magreb Islâmico, têm células ativas e bem armadas, além de campos de treinamento na região.

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Na terça-feira à noite, a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, decidiu aumentar o nível do estado de alerta, que passou a seu patamar mais elevado, que aponta alto risco de novos atentados. Militares também foram destacados para reforçar o policiamento de prédios públicos e instituições consideradas sensíveis. Nesta quarta-feira, foi anunciado um reforço de mil militares para vigiar possíveis alvos. 

Mais de 20 pessoas continuam internadas em estado grave ou crítico em razão dos ferimentos causados pela explosão. Segundo o jornal New York Times, a bomba artesanal usada por Salman era potente e sofisticada. Ela estaria escondida em um colete preto ou em uma mochila azul, de acordo com fotos recolhidas pela polícia.

A detonação espalhou pedaços de metal e parafusos. A maioria das vítimas estava em um semicírculo ao redor do terrorista. O detonador estaria na mão esquerda dele e o uso de uma bateria com potência superior à usual indicaria o trabalho de especialistas.

O jovem terrorista era torcedor do Manchester United, tinha deixado a faculdade e ocasionalmente fumava maconha, segundo amigos. Sua família se mudou para o Reino Unido em 1993, um ano antes de Salman nascer, e voltou para a Líbia em 2013.

Em consequência do ataque em Manchester, o presidente francês, Emmanuel Macron, pediu a extensão do estado de emergência. / COM NEW YORK TIMES