Reeleição de Obama antecipa largada de corrida à Casa Branca de 2016

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Por Denise Chrispim Marin , CORRESPONDENTE e WASHINGTON
Atualização:

Com Barack Obama reeleito, o tabuleiro para sua sucessão já começou ser montado. Do lado republicano, o partido terá de decidir se troca a direita radical pela moderação. Entre os nomes cotados, estão o senador Marco Rubio e o ex-governador Jeb Bush, da Flórida, e o governador Chris Christie, de New Jersey. Dentre os aliados de Obama, a secretária de Estado Hillary Clinton e o vice-presidente Joe Biden figuram como possíveis sucessores. Nome forte no partido, Hillary já negou duas vezes que pretenda se candidatar. Seu marido, o ex-presidente Bill Clinton teve uma participação decisiva na campanha de Obama. Ajudou o presidente a arrecadar fundos, fez o mais poderoso discurso em favor da sua reeleição durante a convenção democrata, no início de setembro, e nas últimas semanas fez campanha em Virgínia e Pensilvânia, dois Estados-chave onde o democrata venceu. Obama contraiu, pelo menos, uma dívida de gratidão com Clinton. O apoio à candidatura de Hillary pode ser o preço a pagar.Nos últimos meses, o vice-presidente dos EUA, Joe Biden foi apontado como possível candidato em publicações americanas. Mas Biden tem se destacado tanto por sua lealdade a Obama como por suas gafes. Em 2016, terá 73 anos. Quando se candidatou em 1980, Ronald Reagan era mais novo. Tinha 69. Hillary, em quatro anos, também terá 69. Estrelas mais jovens ainda são esperadas, como foi Obama em 2008.No campo republicano, Rubio, de origem cubana, ganha força no contexto da necessidade de o partido atrair os votos hispânicos e o de jovens, em geral, nas próximas campanhas presidencial e para o Congresso. Nesta eleição, Obama levou 71% do voto latino, cuja participação no eleitorado americano é de 10% e continua em expansão. A Flórida, entretanto, era chave para a vitória de Romney, e Rubio não conseguiu obtê-la para seu candidato. Entre os cubano-americanos, Obama superou Romney por 49% a 47%. Estrela em ascensão, o senador terá de mostrar mais serviço dentro do partido. Em especial, em temas críticos, como a reforma da lei de imigração, um dos principais meios de atrair o voto latino para os candidatos republicanos. Segundo o analista conservador Michael Barone, esse será um dos desafios do partido nos próximos quatro anos. Embora haja espaço para a negociação sobre o tema, alertou Barone, os republicanos não permitirão um projeto amplo de legalização. O ex-governador da Flórida Jeb Bush, irmão e filho de ex-presidentes foi um nome esperado em 2012 e continua na lista republicana, assim como o governador de New Jersey, o boquirroto e carismático Chris Christie. Romney está descartado e, neste momento, sua posição mais moderada é apontada pela ala radical do partido, o Tea Party, como a maior razão de sua derrota.Um dos expoentes dessa facção, o deputado federal e candidato à vice-presidência, Paul Ryan, foi qualificado por Romney como sua "melhor escolha". De volta à Câmara dos Deputados, ele tende a disputar a presidência da Casa com John Boehner e, dada sua proximidade com a grandes doadores durante a campanha, entra na lista dos prováveis candidatos.A indicação de mulheres para a chapa presidencial tornou-se outra questão essencial para os republicanos, que viram 53% delas votar em Obama. A presença maior de jovens é outro desafio, dado o fato de 60% terem preferido a reeleição do presidente. Rubio, de 41 anos, e Ryan, de 42 , atendem a esse quesito. Reflexão. Os republicanos se veem forçados neste momento a refletir sobre a derrota de Romney, derrotado no voto popular e em 10 dos 11 Estados que costumam decidir a disputa no Colégio Eleitoral. Os líderes do partido encomendaram na última semana pesquisas de opinião com grupos específicos de eleitores para identificar as razões da derrota. A princípio, o desafio será reformular táticas e mensagens, sem tocar na orientação ideológica do partido. Nos últimos três anos, o Tea Party acentuou a guinada republicana para a direita radical e conseguiu, nas eleições de 2010, substituir políticos moderados por seus representantes. Alguns setores dentro do partido acreditam ter chegado o momento de um retorno ao centro do leque político. Segundo Robert Pastor, diretor do Centro de Estudos Norte-Americanos da American University, mudanças dessa ordem são mais fáceis de ser conduzidas quando partido está no poder. Na oposição, o processo torna-se difícil e lento. Neste caso, ainda é preciso saber qual das posições vai prevalecer: a do Tea Party ou a dos setores moderados.

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