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Referendo em eleição afasta Bogotá e Farc

Deputados aprovam projeto do governo que determina consulta popular para eventual acordo com a guerrilha

Atualização:

BOGOTÁ - A Câmara dos Deputados da Colômbia aprovou ontem um projeto de lei que permite ao governo organizar uma consulta popular que ratifique um eventual acordo de paz entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e Bogotá - cujos representantes conduzem há quase um ano negociações, em Cuba, para tentar pôr fim ao conflito mais antigo da América Latina. De acordo com a vontade do presidente Juan Manuel Santos, que pediu urgência na votação ao enviar a iniciativa para aprovação do Parlamento, a consulta popular deverá ocorrer juntamente com as eleições legislativas ou presidenciais - marcadas, respectivamente, para março e maio de 2014.Os guerrilheiros, porém, têm rejeitado a proposta de um referendo sobre o possível pacto com o governo nas mesmas datas das eleições que decidirão o futuro político da Colômbia, sob a alegação de que os temas não deveriam ser abordados concomitantemente na mesma votação.Segundo o projeto de lei aprovado ontem pelos deputados colombianos - que ainda precisa de anuência do Senado, além de ser submetido a controle de constitucionalidade, antes de ser sancionado pelo presidente -, os funcionários dos postos de votação deverão oferecer as cédulas para o referendo aos eleitores, que poderão aceitá-las ou não.Na semana passada, veio a público que Santos teria proposto para os partidos de sua coalizão que as negociações com os guerrilheiros cessassem durante as campanhas eleitorais do ano que vem. Diante da Assembleia-Geral da ONU, porém, o presidente, que tem até o próximo mês para decidir se vai se candidatar à reeleição e apresenta baixos índices de aprovação, pediu rapidez ao processo. As Farc, por sua vez, elogiaram a proposta de recesso, que dissociaria a consulta popular sobre o eventual acordo de paz das eleições gerais, conforme a vontade da guerrilha.O ex-vice-presidente colombiano Humberto de la Calle, porém, negociador-chefe de Bogotá, negou ontem que o governo tenha mudado de posição, afirmando que o Executivo trabalha "para obter resultados rapidamente". "A hipótese de uma suspensão (nas conversas com os guerrilheiros) não foi cogitada oficialmente na mesa (de negociações). Nem o governo, concretamente o presidente, deu instruções a sua delegação para tratar de uma hipotética suspensão."

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